MENTES QUE SAMBAM
por Sandra Costa
 

Eu não pulo Carnaval, mas se pulasse, me fantasiaria de pensamento. Ou de idéia fixa. Ou sairia no bloco das fugas de idéias. São os salões da mente que me arrebatam: pulos interiores, a pândega silenciosa dos pensamentos pelas ruas e avenidas do espírito, a alegria desafogada do entendimento desprendido, folias da alma, a expansão para dentro - introspecção.

Que é a observação da vida interior pelo próprio sujeito, o exame que alguém faz do que pensa e sente. Um olhar para dentro, que é semelhante a um olhar para fora, pois assim como enxergamos os movimentos do corpo com os olhos do corpo enxergamos os movimentos do espírito com os olhos do espírito, que são nossa capacidade de avaliar, julgar, ponderar, raciocinar, que em muito se beneficia do uso de metáforas, que nos ajudam a apreender o abstrato (as qualidades e as relações) para que saibamos o que estamos fazendo com as pernas e os braços da nossa mente, para que quando desejarmos levantá-los não os baixemos, para que não caiamos fora do palco, para que bailemos com graça e vigor e nos tornemos Nureyevs do pensamento, Marthas Graham do espírito, para que de acordo com nossas preferências possamos ter mentes que valsam, mentes que sambam, mentes que dançam fandangos, por que uma coisa é fato: o corpo é óbvio; a mente, não. Daí a necessidade da introspecção.