Diário de Bordo

por Heron H. Heinz

O ano é dois mil e lá vai asteróide, eu não dou mais bola pra isso desde que não se morre mais. É um preço justo a pagar, você completa 150 anos e ganha uma passagem pra qualquer planeta desde que não retorne à Terra. E quem quer? Com uma boa coleção de filmes e músicas pra curtir dá pra se divertir por um tempo. A Terra era pra quem curtia neurose e poder. Fuck them all. O espaço era pra se viver, com prazer e sofrimento ou vice e versa como opção no máximo, mas quando e onde viver foi algo diferente disso? Por mais civilizações que conhecesse, mais diferentes sentimentos, hábitos, conceitos, credos, quimica, astro, meta e educação física, penso tanto em ti que perdi a linha de raciocínio. Comecei a escrever meus "brilhantes" pensamentos sobre a vida pra matar alguns anos-luz de viagem e te tirar da minha cabeça, mas foi inútil. Ainda mantenho em mim a eletricidade de nossos corpos dançando, ainda sinto na boca a leveza dos teus beijos, mas era disso justamente que eu falava, os seres podem ser feios e estranhos e sensíveis e lindamente diferentes, sólidos, líquidos e/ou gasosos, essa coisa estranha que se sente por outra pessoa, que nos deixa burros, corajosos, intrépidos, inspirados, sensuais, inteligentes, interessantes, essa coisa que na Terra rotulamos como amor, é o que o que dá um parafuso tipo "rosca infinita" na cabeça de todos. Rosca infinita, boa definição pra vida. E um bom nome pra uma banda, quem sabe eu convido Marceliucos, do planeta Arakenios, pra tocar algo comigo, ele parece um parafuso mesmo e sempre é divertido sair com ele. Leves, tão leves que não saciam nunca, teus beijos me atropelam de novo. E eu tendo que ir ao planeta Burocratk dar explicação de porque eu fico indo de planeta em platena e não me estabeleço em nenhum. E que diferença isso faz pra eles? Ou a função deles é não deixar ninguém se divertir? Pergunta idiota, a resposta é obviamente positiva. Mas dessa vez é sério, é só ela dizer sim, em qualquer idioma conhecido ou não, e eu serei um novo homem. De novo. Rosca infinita.