O Gato Xadrez
 
Pela jovem Clarah Averbuck, em 1988, aos 9 anos
 
 
 
Era uma vez um gato xadrez. Ele era muito vaidoso e estava sempre se olhando no espelho. Dizia:

- Espelho, espelho meu, existe gato mais belo do que eu?

Mas como o espelho não era mágico nem nada, o gato mesmo respondia:

- Não, magnífico gato xadrez, o senhor é o gato mais gato do universo.

E o gato, enganando a si mesmo, ficava muito feliz, e quanto mais repetia a cena, mais orgulhoso ficava.

Um belo dia, quer dizer, noite, quando o gato estava se admirando no espelho, chegou sua gata madrinha e disse:

- Gato xadrez, não seja tão vaidoso, você vai perder todos os amigos que ainda tem, eles vão ficar com nojo de você, ninguém gosta de gatos arrogantes.

O gato, nem aí.

Vai que apareceu naqueles lados uma gata de bolinhas que era mesmo uma gracinha, e o gato apaixonou-se por ela. Mas quando ele chegou pra conversar, com o focinho empinado, ela disse:

- Não agüento gatos arrogantes. Você é arrogante, só gosto de gatos humildes. Vou embora. Tchau.

E saiu balançando o rabo. O gato xadrez quase morreu de desgosto, e resolveu:

- Vou mudar meu jeito.

E mudou mesmo. Ficou humilde e quieto. Os gatos, dos muros, comentavam:

- O que houve com ele?

- Dizem que é o amor...

Finalmente, ele criou coragem e foi falar com a gatinha. Ela, vendo-o tão humilde, disse:

- Que gato esse gatão!

Eles casaram e foram felizes para sempre, e tiveram filhinhos verdes, listrados, xadrezes, de bolinhas e sem bolinhas.