O caminhão azul


por Dorian Grill, que já foi Dorian Wild

Duas semanas naquela poeirenta estrada secundária encardiam o capotão de Benito. Não que chovesse ou fizesse muito frio, mas desde que saíra da última cidade, Benito não tinha comido nada, nem ninguém. Seu estômago grudara nas costas e seu pau, duro de fome, já rasgara as cuecas. Ele reprovava o onanismo, por considerar uma prática egoísta, pusilânime e ridícula. Ele era um conquistador e sua arma não podia ser usada em vão. Tentava pegar carona, mas somente caminhoneiros passavam por ali, e não paravam para um cabeludo, barbudo e sujo. Então um caminhão azul parou e dele desceu um homem de dois metros de altura e perguntou: - O que é que tu quer? - O que eu quero tu não pode me dar! Respondeu Benito. - E o que é? - Eu quero uma xota, velho! Uma xota! Respondeu, abrindo o capotão e mostrando seu órgão genital erguido. O homem, baixando as calças e tirando a camiseta, berrou: - Louvado seja, louvado seja! E mostrou, para o abismado olhar de Benito, uma tremenda buceta escancarada. - Vem que tem, meu negão! Benito, excitado, não pensou duas vezes, pois não era homem de negacear diante qualquer situação. - Meu nome é Ernesto, mas pode me chamar de ... E Benito subiu no caminhão, arrancou e não ouviu o final da frase do caminhoneiro, que ficou chorando pelado em meio ao pó levantado pelas rodas da máquina. A próxima cidade ficava muito longe, quem sabe quantas xerecas esperavam pelo bendito Benito e sua insaciável sede de poder?

A boceta que leva pro NÃO está aqui