Sexo não é tão bom!
por Miguel da Costa Franco -
Porque a língua é muito curta
E as canelas não são acolchoadas,
Porque porra tem gosto de clorofina,
não de "halls" ou "drambuie"!
Porque os seios ficam aqui,
tão longe das orelhas,
e as ancas não são carnudas
como nádegas e almofadas.
Porque poucas mulheres permitem
regarmos com óleo de oliva
e molho tenro de alcaparras
suas entranhas amarguentas!
O sexo...
não é tão bom.
Porque o projeto do corpo
era da equipe do Sérgio Naya,
os instrumentos do embate
não são talheres de prata
ou rifles de precisão.
Não.
Por coisa de engenheiro,
mania de chegar primeiro,
o que temos para a conquista
desse prazeres difusos
são terminais de múltiplos usos.
Porque o nosso bendito pau,
de tão prestimosas formas,
mole-duro para alegria das gurias
tinha de ser também
o esgoto da choperia?
E digam lá os gourmets:
bem podiam
ser queijinhos temperados
com ervas finas e mangericão
os esmegmas inúteis
que rodeiam o cabeção!
Mas não.
Mais uma vez
faltou ao criador
a sapiência dos cozinheiros
no manejo dos temperos.
Engenhosamente desenhada,
a perereca, coitada,
é a rainha das descargas:
mijo...,
filhos...,
corrimentos...,
sangue...
e outros restos da buchada...
Apertado e fedorento,
o cu é quase um defeito:
seco...
e fora de mão.
Não tem jeito!
Por estas urnas de excrementos
é que matamos e morremos,
que mentimos, que corremos.
Tanto choro,
gastos,
sofrimentos.
Definitivamente, não.
O sexo...
não é tão bom.
Sexo NÃO é tão bom aqui