Ler pelo não, quem dera! Em cada ausência, sentir o cheiro forte do corpo que se foi, a coisa que se espera. Ler pelo não, além da letra, ver, em cada rima vera, a prima pedra, onde a forma perdida procura seus etcéteras. Desler, tresler, contraler, enlear-se nos ritmos da matéria. No fora, ver o dentro e, no dentro, o fora, navegar em direção às Índias e descobrir a América.
Leminsk
Não aceito Não como resposta e sim como questão. Ser ou Não ser escolhido, ser ou Não considerado, ser siderado? Não sei o que diga. É comigo? A dúvida pode ser um motor ou um castigo. Ai se eu tivesse autonomia! Se eu pudesse gritaria! Nããão vou! Não quero! (Se Cartola serviu, diga ao povo que visto.) Foda-se. Acaso ou Não, Não me interessa. Aí vai. Lavo minhas mãos e envio-lhe a água suja.
Uns caras fazem uma música pró-marofa e são presos, outros fazem um anúncio pró-cachaça, ou pior, pró- Smirnoff, e são premiados. Uns caras são logo soltos em virtude da comoção nacional e multinacional, ou globalizada, como quiserem - a gravadora é a Sony, o canal é a MTV. Outros no entanto acabam socados e esquecidos num canto de cela lotada enquanto esperam uma deliberação, integrantes que são do grupo Planet Shit. Ou seja: primeiro a polícia, hipócrita, humilha a liberdade de expressão e a democracia; depois o capital, cínico, humilha a polícia e outros descapitalizados em geral. Imoral da história: estar fora da lei não é nada; o problema é estar fora da lei de mercado. Isso sim é que é crime hediondo. Todo mundo um pouco esclarecido - eu sei, não é muita gente - sabe que maconha vicia tanto quanto ou menos que qualquer destilado. Todo mundo deste lado do bom senso sabe que esta é uma questãozinha e que a grande questão é a grana que rola e mantém a indústria da proibição. Mas a usura dessa gente já virou um aleijão. Ouô, uô. Gente estúpida.