Sou mais um que, a exemplo do Gerbase e do Giba na última edição do NÃO, abre um texto citando o amigo Gustavo Spolidoro, organizador do Artigo de Cinema. Realmente podemos afirmar que o jornal tem cumprido com o seu papel, chamando os realizadores pra porrada (verbal ou não) e polemizando geral. Os leitores mais críticos devem estar se perguntando: mas que polêmica é esta? A quem interessa esta polêmica além dos que nela estão diretamente envolvidos? Gerbase wrote: "a polêmica não pode parar"(Ir ao cinema, fazer cinema" / NÃO 55); depois mudou de idéia achando que "a polêmica passou da conta e perdeu a graça, porque não está levando a lugar nenhum. E pior: parece uma briga pessoal, quando na verdade não é" (Cartas ao NÃO - mensagem 40). Aí eu me pergunto: será que não estaríamos ofendendo pessoalmente o vocábulo "polêmica" ao afirmar que esta disputa de beleza entre comadres é uma "baita polêmica" (do tipo "duvido que vocês tenham visto metade dos filmes udigrudi brasileiros que eu vi na minha época" ou "nós ganhamos X exibindo filmes Super-8, vocês Y")? Será que ao escrever este texto não estaria eu mesmo incentivando uma polêmica bunda ou atrás de propaganda gratuita? Bem, isto não sei responder. O que posso fazer é tentar polemizar mais ainda.
Qual não foi minha surpresa quando vi no NÃO 54 o texto "Os magríssimos estão chegando", uma espécie de resposta aos textos publicados no CAC 03. Nunca pensei que um diretor consagrado como o Gerbase fosse responder pra nós, que juntos temos uma meia dúzia de filmes (segundo ele todos "chatos, mal decupados, mal montados e pessimamente interpretados", afirmação com a qual eu até concordo, ainda que parcialmente). Como sou um internauta dos mais pentelhos, imediatamente mandei uma resposta ao Gerbase, que posteriormente foi publicada (Cartas ao NÃO - mensagem 23). Nela eu tentava classificar os cineastas locais não como velhos e novos, e sim como honestos e picaretas (e aproveitava para xingar alguns curtas que considero cagados). Meu antigo professor (da PUC) respondeu convocando-me a escrever uma matéria para o NÃO: "Alô Cristiano. Eu sabia que alguns magríssimos tinham bala na agulha. É isso aí. Pau no cú dos enganadores de todos os pesos e idades. E acho que concordamos em quase 100% na identificação dos ditos cujos. Estás convocado para escrever uma matéria para o próximo NÃO, que poderia ser uma espécie de "Manifesto dos Magríssimos Inconformados contra Rótulos e Picaretas do Cinema Gaúcho", ou qualquer coisa que aches mais interessante. Um abraço do Gerbase".
Não acho interessante este tipo de manifesto babaca nem vou falar em nome dos magríssimos, dos novos, novíssimos, ultranovos (segundo a ZH), magérrimos ou qualquer chinelisse que o valha. Falo por mim. Tenho enorme respeito e admiração pelo pessoal da Casa de Cinema (o Gerbase em especial), pelos filmes por eles produzidos e, sinceramente, não tenho a menor intenção de ofender ninguém. Mas, de fato, alguns equívocos que tem sido publicados no NÃO precisam ser esclarecidos (aos queridos leitores vai um aviso de antemão: já que é preciso responder na mesma moeda, neste texto estarei me utilizando de uma "manobra eticamente discutível" bastante comum aos editores do NÃO. Vou pinçar frases soltas e fora de contexto - somente as que me interessam, é claro! - e embasar meus argumentos em cima delas, como tem feito o Gerbase, o Giba e o Furtado com os nossos textos).
Pra começar, uma coisa que tem irritado bastante é esta insistência do Gerbase com o Peter Baiestorf. Vou dizer mais uma vez e espero que possa ser a última: NINGUÉM DE NÓS CONSIDERA O PETER UM MODELO! "Quem não entendeu, por favor pare de ler este texto e procure a escola especial mais perto de sua casa", ok? Nós do CAC apenas publicamos uma divertida entrevista com ele, e é só! Alguém aí discorda que o "Wenders é mais importante que o Baiestorf" (Carlos Gerbase, em "Ir ao cinema, fazer cinema" / NÃO 55)? Não estou querendo fazer comparações estapafúrdias, mas seriam mesmo os superoitistas dos anos 80 "um saco" porque "não cumprimentam velhos colegas de ginásio quando os encontram na rua", "raramente vão ao cinema" e TEM COMO MODELO "Spielberg e Monty Python, sem questionamentos" (Giba Assis Brasil, em "Os Superoitistas" / Sem Disfarce 01 e NÃO 54)? Como podemos ver, cada geração tem o modelo que merece e, o que é pior, sem questionamentos. Caro Carlos, ao invés de insistir nesta asneira vê se arranja umas mulheres melhores - e que tirem a roupa! - pras "Garotas que dizem NÃO", afinal de contas tu tá velho mas ainda tem algum appeal: é músico, cineasta, ex-punk, escreve pra Globo, hein ô viagrão? Carne gorda e peito caído não vale (aos internautas que estiverem a fim de ver gostosas peladas de graça, sugiro uma incursão no site Debauchery - é quente!). Sem questionamentos!?!
Passemos então ao colérico texto "Meu caro Otto Guerra" (Jorge Furtado / NÃO 55). Posso afirmar que:
1) Em primeiro lugar não sou advogado de defesa do Otto (ainda bem, porque os advogados deles devem estar fudidos), eu apenas entrevistei o cara para o CAC. Se ele roubou, não roubou ou deixou de roubar, quem decide é a Justiça, né psit? E acredito que ele mesmo possa se defender da maneira que achar melhor.
2) Que eu saiba não existe nenhuma lei que proíba "falar mal da APTC, da Casa de Cinema ou dos nossos filmes", ou dos filmes de quem quer que seja. Há anos que ouço pessoas criticando a APTC (da qual sou associado, diga-se de passagem), a Casa (monopólio do filme virgem no RS) e os filmes de vocês. E daí? Qual o problema? Ou todo mundo é obrigado a gostar, aplaudir e cultuar o trabalho de vocês? A "breve incursão no mundo da crítica cinematográfica" do Otto não existiu, ele apenas teve a coragem de dizer em público o que muitos realizadores gaúchos dizem nos bastidores, pelas costas. Concordo com o Otto quando ele diz que "tenho um certo preconceito em relação ao trabalho de quem segue o pessoal da Casa de Cinema. Acho uma coisa super ultrapassada, datada e de adoração". "E tem mais: pau no cú" dos apadrinhados da Casa de Cinema, e não no nosso, falou Gerbase? Estes poderiam (e deveriam!) ao menos tentar fazer filmes com estilo próprio, ao invés de seguir o padrão de qualidade vigente para o cinema gaúcho. Fiquei bastante preocupado ao assistir o último "Curta na TV" com os vídeos e filmes "experimentais" dos apadrinhados. Será que os caras não tem nada mais "experimental" pra apresentar???
3) O Furtado erra novamente no final, quando escreve "Meu caro Otto Guerra, pare de dizer bobagem e vá trabalhar. E não se leve tão a sério, você é um humorista". Na minha maneira de ver as coisas - e cada um tem a sua! - faltou respeito com o profissional. Ao afirmar que o cara não trabalha, o Furtado está chamando um trabalhador brasileiro de vagabundo, ao melhor estilo FHC. E o Otto não é vagabundo (e nem crítico de cinema), ele é animador, e dos bons, tendo conquistado diversos prêmios na sua vitoriosa carreira, e isto o pessoal da Casa sabe (ou deveria saber) melhor do que eu.
4) Num ponto concordo com o Furtado: "Os desinformados, mal intencionados e idiotas" ou "Quem entendeu mas finge que não entendeu ou não concorda, o melhor que faz é filiar-se à Juventude do PFL". Ou à do PMDB, do PT, do PSTU, do PRONA, à AMWAY ou à Associação Cristã de Moços, que é tudo a mesma merda. Estes sim são uns vagabundos, pau mandados, a massa de manobra pros sabidos!!! Ou não?
5) Entenderam? Pra auxiliar na compreensão da palhaçada toda tou enviando a entrevista com o Otto (e a com o Baiestorf também) na íntegra, caso vocês queriam publicar.
(Nota do editor do NÃO - aqui estão elas, é só clicar: * Entrevista com Otto / * Entrevista com Baiestorf)
Pra fechar, antecipo aos leitores / fãs que a próxima
edição do CAC sai na primeira semana de agosto, e será
lançada oficialmente no Festival de Gramado. Deve coincidir com
o lançamento do NÃO 57, certo? Então, só nos
resta esperar o próximo round deste "polêmico" conflito
entre gerações, sempre cientes de que é baixando o
nível que o ibope aumenta. É só ligar a tv (ou ler
o NÃO e o CAC) e comprovar. 1 abraço & até + pessoal!!!