A VOLTA DO URNINHA
por Jorge Furtado
Idéia para um roteiro de um filme ruim em super oito: o perigoso
assassino, estuprador e falsificador de pílulas anticoncepcionais,
Hediondo Malta, o Canhoto, é preso por que o seu serviço
de 0900 não pagou a conta da CRT, privatizada apesar das promessas
de campanha do Brito. Hediondo foge da prisão e se esconde num estúdio
onde está sendo produzido, com dinheiro público, propaganda
eleitoral disfarçada de comercial do governo. Para não ser
reconhecido pela polícia, Hediondo mata um ator e o substitui na
fantasia de Urninha. Vestido de Urninha, Hediondo vai para a rua e ninguém
repara nele. Hediondo caminha tranqüilamente pelas calçadas,
cruza com um sujeito fantasiado de aparelho de ginástica e ninguém
repara nele. Hediondo entra numa loja, vai até o caixa e pega todo
o dinheiro. Serve-se no McDonalds. Entra em banheiros femininos, bancos,
lojas. Ninguém repara nele. "Por que eu não pensei nisso
antes?", pensa Hediondo (off). Hediondo passa a ter uma vida maravilhosa,
vestido de Urninha. Só algumas crianças reparam naquela grande
urna de espuma andando pelas ruas. Hediondo mata estas crianças
sem piedade, mas ninguém vê seus crimes ou sente falta das
crianças. Hediondo, sempre vestido de Urninha, casa com a Mulher
Quase Nua do Disk-Point (ela só fala gemendo e está sempre
só de calcinha e sutiã, se esfregando pelos cantos) e os
dois tem uma filha, gêmea da filha da Xuxa, a Tchutcha, e vivem felizes
para sempre. Vou inscrever este roteiro no próximo concurso do Fumproarte,
mas com outro nome ("A Volta do Guerino").