Eu não pulo Carnaval, mas se pulasse, me fantasiaria de pensamento. Ou de idéia fixa. Ou sairia no bloco das fugas de idéias. São os salões da mente que me arrebatam: pulos interiores, a pândega silenciosa dos pensamentos pelas ruas e avenidas do espírito, a alegria desafogada do entendimento desprendido, folias da alma, a expansão para dentro - introspecção.
Que é a observação da vida interior pelo próprio
sujeito, o exame que alguém faz do que pensa e sente. Um olhar para
dentro, que é semelhante a um olhar para fora, pois assim como enxergamos
os movimentos do corpo com os olhos do corpo enxergamos os movimentos do
espírito com os olhos do espírito, que são nossa capacidade
de avaliar, julgar, ponderar, raciocinar, que em muito se beneficia do
uso de metáforas, que nos ajudam a apreender o abstrato (as qualidades
e as relações) para que saibamos o que estamos fazendo com
as pernas e os braços da nossa mente, para que quando desejarmos
levantá-los não os baixemos, para que não caiamos
fora do palco, para que bailemos com graça e vigor e nos tornemos
Nureyevs do pensamento, Marthas Graham do espírito, para que de
acordo com nossas preferências possamos ter mentes que valsam, mentes
que sambam, mentes que dançam fandangos, por que uma coisa é
fato: o corpo é óbvio; a mente, não. Daí a
necessidade da introspecção.