Cansava. Doía. Queimava minha espinha e esta irradiava todo meu corpo com uma intensidade de luz dolorida, e eu não chorei. Pequei por excessos. (“Ainda bem”, ela diz). Tocava seu corpo... não, seu corpo tocava a ponta dos meus dedos, procurando. Engraçado. Era assim mesmo. E uma janela. (“Uma janela”, ela insiste). Vento nos cabelos, nos dela, e depois muito mais nos meus. Brisa gelada. (“Desejos satisfeitos”, de novo, e eu atiro um vaso de porcelana em sua direção). Olho no olho, e ela explode numa gargalhada inacreditável para alguém tão puro (nem tão puro assim). Um nó na garganta e minha dor é terrível, meu par de olhos se fecha. Caio. Espinha ao vento, espinha à pedra. Apago. A espinha em pedaços. Ela no alto, assustada. (“Amamos”, ela diz, e eu completo, “na janela”). Ela vai embora (claro). Eu me ajeito na cadeira de rodas e choro. Agora pra sempre.
Dante Sasso