O Gerbase é assim: esses tempos, ainda antes das férias, comentei com ele que eu estava recebendo e devorando todas as semanas o COL (jornalzinho nem um pouco virtual de um bando da Fabico) (ver cartas 81 e 82), que era muito parecido com o Não dos "velhos tempos" - só que, em vez de ser manuscrito e circular de mão em mão, era distribuído para assinantes via correio eletrônico. Cheguei a comentar inclusive que muitos dos caras que fazem o COL são também eventuais colaboradores do Não, mas que nos sacaneiam: pra nós eles mandam as coisas mais pretensiosas, menos viscerais, menos interessantes; no próprio COL, eles escancaram ou, como eles mesmo dizem, chineleiam. A conclusão do Gerbase, naquele dia: eles nos levam a sério.
O Gerbase é assim: cheio de frases. Na praia, uns dois meses depois do comentário inicial, falei pra ele que o meu texto pro Não 61 seria sobre o COL, comparando algumas velhas matérias do Não anos 70 com o que os caras estão produzindo hoje. E aí ele me surpreendeu: estava escrevendo um editorial justamente pro Não 61, e justamente sobre o mesmo assunto. Cheguei em Porto Alegre e nova surpresa: antes que eu começasse a escrever o meu texto, ele me mandou o dele, com a autoridade de editor, estabelecendo conceitos, delimitando terrenos.
O Gerbase é assim: bem mais rápido (e portanto bem mais jornalista) que eu. Sua apreensão do fenômeno COL (fenômeno é a puta que os pariu, diriam eles) é correta, crítica, mas ao mesmo tempo envolvida, no calor da hora, como deve ser o bom jornalismo. Ele não perde o tempo que eu normalmente perco pra analisar, e com isso não perde a perspectiva. Certo ele. E ainda tem a cara de pau de citar a si próprio ("acho perigoso perder as referências") numa "matéria recusada pelo Giba", em que essas idéias sobre perda de referências eram aplicadas, não ao jornalismo mas ao cinema. Mentira! A tal "matéria recusada pelo Giba" ele realmente escreveu pro Não 54, mas depois ELE PRÓPRIO pediu que não fosse publicada, imagino eu que por causa de uma referência desabonadora a um amigo nosso no título. Eu disse, sim, que não concordava com o ponto de vista dele, e queria responder - mas nunca recusei a matéria!
O Gerbase é assim: um grande filho da puta - com todo respeito pela dona Lea. Ainda lembro perfeitamente o que era que eu não concordava (e continuo não concordando) na matéria dele. Mas, enquanto a matéria não for publicada, eu é que não vou responder. Fico, portanto, obrigado a circular em torno do assunto inicial: recomendo aos leitores do Não que assinem o COL - ou, como a gente dizia nos "velhos tempos", que façam outro. Com todos os seus defeitos (prolixidade, repetição e principalmente um certo regozijo fim-de-século em ficar proclamando o que eles bebem e cheiram), o COL anuncia-se como a melhor coisa que aconteceu no jornalismo gaúcho desde que o Janer Cristaldo parou de escrever. Se estes caras não inventarem de fazer cinema, talvez possam um dia fazer a revolução que a gente não fez na terra do CTG e da RBS.
Mas isso o Gerbase já disse.