O VELHO REVEILLON
Por Tiago Zaniratti
Faz muito tempo que aquele velho era velho e quase tanto tempo faz que ele está só. Sua mulher morreu quando eram ambos jovens, e ele como um escravo trabalhou para sustentar seus filhos.
Assim que seus dois filhos concluíram a faculdade e começaram a trabalhar, o velho começou a viver a vida as custas da aposentadoria que mal dava para manter seu apartamento e seu carro, e da ajuda que seus filhos lhe davam.
Em certo ano sentiu que seria o último bem vivido de sua vida, e por instinto resolveu comemorar a virada do ano. Foi para uma badalada praia, alugou uma casa, não muto grande, mas talvez grande de mais para ele.
Tinha muitas manias, como todo velho, acordava cedo, preparava um chimarrão, um café da manhã, comprava jornal, e o lia sentado na varanda ao lado de uma garrafa e água quente, entre um cigarro e outro folhava o jornal, e suspirava quando o vento do mar fazia voar os poucos brancos fios de cabelo de sua careca. Com o jornal no colo, cuia na mão e na outra o cigarro, levantou a cabeça e olhou o mar ao longe... fechou os olhos por um instante e jogou fora o cigarro, era como se fosse um grito de liberdade, vício seriam tirados de lado, e a vida seria vivida em grande estilo.
Tirou seu chapéu de turista, e trocou a bermudinha de linho por um calção desses que os lutadores de Jiu-jitsu usam e sentem-se fortões, comprou uma prancha, jamais usaria aquilo, pois tinha um tremendo medo de água, mas convenhamos, a meninas adoram pessoas que tiram onda de surfista, literalmente.
De em pé ao lado da planonda olhava as gatinhas de 12 anos correndo com suas mãe, que eram mais, como vou dizer, a praia dele, mas o que deixava o velhinho magrão excitado eram mesmo os brotinhos de 13 e 14 anos. Que velho safado ! Mas como isso seria contavenção penal ele partiu para as de 18 e 19 anos. No dia 30 de Dezembro saiu a noite, bebeu todas para arranjar coragem de chegar nas menininhas, afinal ele não era nenhum guri e a possibilidade de um não era multiplicada por 55, que era maios ou nemos a diferença de idade dele de das meninas.
Pobre coração para agüentar tanta vodka, uísque, tequila, cerveja, e todo aquele som no ouvido, mas até que foi fácil arrastar uma bela morena, e que morena, para o quarto, pele brozeada, cabelos longos lisos olhos verdes, seios fartos coxas contornadas e bumbum empinadinho, mas para Ter certeza de que tudo correria bem, uma passada no banheiro para tomar Viagra, mais uns goles de champanha e tudo correu como ele se lembrava da última vez que tinha feito aquilo com a patroa.
Dormiu como um bebê e pela manhã só encontrou uma calcinha no chão e um bilhete:
-"Não pense que foi um sonho;...
...até que não foi tão ruim"...
Sem nenhuma palavra, apenas um sorriso no canto da boca.
Manhã do dia 31 e ele resolveu aproveitar o dia ao máximo, tomou banho, café, chimarrão, deixou o cigarro de lado, jornal, varanda, olhava o movimento das gatinha com certo saudosismo.
Almoçou como um rei, e foi para a praia, molhou até a cintura, o que já era uma evolução. A noite correu atrás de uma outra menina para passar aquela virada de ano mais que especial. Desta vez conseguiu uma loura de olhos escuros que contrastavam com a pele e os cabelos claros, tinha corpo de atleta, curvas bem definidas e fogo na boca...
Bebia, mais bebida, aquele comprimido azul, e o coração quase pulando do peito, mas tuo correu bem.
Dia 1º de Janeiro manchete de um jornal praiano: "Aposentado é encontrado morto, nu em casa alugada, provável causa da morte, um infarto provocado por vaso dilatadores"
Aquela jornada de viagra, bebida e fortes emoções findaram o ano e a vida do velhinho que ficou conhecido como: O velho Reveillon