TEXTO AO VIVO II

 Jorge Furtado

atualizado em 15 de maio de 1999
 



O Governo reclama, a RBS responde
e a UFRGS faz de conta que não é com ela.

Só há uma novidade na troca de bons textos entre o governo de estado e a RBS (Zero Hora de hoje, 14/5/99): o jornal informa que não teve "qualquer interferência na escolha do universo pesquisado ou da metodologia adotada" na pesquisa realizada pelo centro de Estudos e Pesquisas em Administração da UFRGS.

Não tenho nada a acrescentar (além do que já escrevi no texto "A Voz do Dono", nesta mesma edição do Não) sobre a formulação, ordem e sentido das perguntas na pesquisa UFRGS/RBS. Quanto ao "universo pesquisado", acredito que Zero Hora está se referindo às cidades da região metropolitana onde a pesquisa foi feita e não ao fato da pesquisa ter sido feita só na região metropolitana. Estou supondo que foi Zero Hora quem encomendou à UFRGS uma pesquisa na região, a mais favorecida pela implantação das montadoras, apesar das perguntas serem todas sobre a atuação do governo do estado, com custos e benefícios para a população de todo estado. É verdade que o jornal informava que a área pesquisada era a região metropolitana, mas a manchete dizia apenas que 69,3% querem cumprimento dos contratos. Para a revista Veja, por exemplo, uma pesquisa que indicava a opinião de 69,3% dos habitantes de algumas cidades da região metropolitana se transformou rapidamente em duas pesquisas que confirmavam a opinião de 70% dos gaúchos. Ao se referir aos resultados da pesquisa, Rogério Mendelski falou mais de uma vez na opinião da "maioria esmagadora dos gaúchos". Mas a manipulação que o resultado das pesquisas sofre quando vira manchete e a desatenção dos leitores com as letras miúdas dos jornais não é novidade. Entre mortos e feridos, sobrou mesmo para a UFRGS explicar sua estranha metodologia.

A pesquisa ouviu 560 moradores da região metropolitana. Os dados sobre as cidades onde foram feitos os questionários foram publicados no site de Zero Hora na internet (http://www.zh.com.br/pesquisa/pesq16.htm) mas não no jornal. A UFRGS entrevistou 78 moradores de Gravataí e 75 de Guaíba, as duas cidades onde se instalariam a GM e a Ford. Não foram feitas entrevistas em Canoas, Viamão, Sapucaia, São Leopoldo ou Esteio, por exemplo. Segundo o IBGE (ótimo site, www.ibge.org) a região metropolitana de Porto Alegre tem 3.245.306 habitantes. Gravataí (206.023) e Guaíba (85.969) juntas têm 291.992, representando 8,9 % da população total. Mas Guaíba e Gravataí representaram 27% do universo pesquisado pela UFRGS. Resumindo, para quem não gosta muito de fazer contas: na pesquisa UFRGS/RBS, Guaíba e Gravataí tiveram seu peso mais que triplicado. Se considerarmos apenas Guaíba, cidade que seria a mais beneficiada com a vinda da Ford, o desvio fica ainda mais evidente. Guaíba representa apenas 2,6% dos moradores da região metropolitana, mas representou mais de 13% do universo pesquisado pela UFRGS. Guaíba teve seu peso multiplicado por 5 na pesquisa da UFRGS.

Os moradores de todas as cidades da região metropolitana - e também do interior do estado - estão esperando da UFRGS algum pronunciamento a respeito do assunto. ( Nosso e-mail é editor@nao-til.com.br). Faz tempo que a gente já sabe o que pensam o PT e a Zero Hora, mas a parcialidade da UFRGS é completa novidade.


População Residente nos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (fonte: IBGE/1996)

Alvorada 162 005
Cachoeirinha 96 238
Campo Bom 50 843
Canoas 284 059
Charqueadas 27 231
Dois Irmãos 17 997
Eldorado do Sul 22 852
Estância Velha 31 374
Esteio 75 233
Glorinha 4 718
Gravataí 206 023
Guaíba 85 969
Ivoti 13 199
Nova Hartz 12 917
Novo Hamburgo 226 070
Parobé 40 480
Portão 22 460
Porto Alegre 1288 879
São Leopoldo 180 617
Sapiranga 65 909
Sapucaia do Sul 114 012
Triunfo 19 536
Viamão 196 685

Total da Região Metropolitana: 3.245.306
Guaíba + Gravataí = 291.992 (8,9 %)
Pesquisados pela UFRGS: 560
Guaíba + Gravataí = 153 entrevistados (27%)
 


Correção

Uma pequena correção sobre os números da pesquisa UFRGS/RBS: foram 560 e não 506 os entrevistados (como eu havia escrito no texto "A Voz do Dono"). Isto altera um pouco alguns números (já estão corrigidos), mas não muda em nada as conclusões do texto: Guaíba e Gravataí juntas tiveram seu peso mais que triplicado. E Guaíba teve seu peso multiplicado por 5. Estamos esperando do senhor Luz Antonio Slongo, coordenador da pesquisa na UFRGS, ou da senhora Alessandra Lobato Arruda, técnica responsável, algum esclarecimento sobre o assunto.



Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso.

Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso, doravante denominada, digamos, senhor Roberto, já está de saco cheio desta história da Ford. O senhor Roberto acha que o governo Olívio poderia ter sido mais gentil e sorridente e se atrasou em tornar pública sua proposta para a Ford, mas fez muito bem em não dar uma fábrica de presente, com o nosso dinheiro, para uma das maiores empresas do mundo.

O senhor Roberto lembra que o governo Britto, num ano eleitoral, faria literalmente qualquer negócio para anunciar, com fogos, out-doors e manchetes de jornal, a vinda da Ford para o estado. E imagina que o ex-governador, contando com o dinheiro das futuras privatizações - parte do Banrisul inclusive - pretendia realmente cumprir o contrato.

O senhor Roberto já percebeu que o número de empregos gerados por uma montadora de automóveis varia de acordo com o gosto do freguês: vão de 200 mil, nos discursos mais inflamados de Buzzato nas vésperas da eleição, até os 1.500 assinados pela GM. Uma fonte que não pode ser acusada de petista, a revista Veja (edição 1596, pág.135), informa que o estado do Paraná, com suas quatro montadoras, ganhou 57.000 empregos. Arredondando para cima dá 15 mil empregos por montadora. O número fecha com informações menos apaixonadas que surgiram no debate: cada emprego direto gera dez indiretos. Não é pouco, mas é muito dinheiro por emprego. (Segundo o prof. Theodore Moran, um especialista americano em investimentos de multinacionais, a metade do que Britto ofereceu para a Ford já seria demais. "Pelo que sei, é um recorde mundial").

O senhor Roberto deduz que o investimento numa super-automatizada fábrica de automóveis não é nem de longe o que mais gera empregos. Na verdade, é o 24o da lista (ou 27o, ou 34o, dependendo da fonte). Mas ele está preocupado com a repercussão negativa (comandada pela Veja e pela FIERGS) da "perda da Ford".

O senhor Roberto acha que o Olívio deveria ter recebido o presidente da FIERGS com um cafezinho recém passado mas não consegue entender como a campanha política da entidade contra um governo que apenas inicia possa ajudar a indústria gaúcha.

O senhor Roberto percebe que a oposição ainda não assimilou a derrota na eleição. E lembra que o executivo foi eleito para executar e o legislativo para legislar e cobrar promessas de campanha (por exemplo, a Bolsa Primeiro Emprego e o programa Cestão Popular) e não para tentar manter na marra um modelo político e econômico democraticamente rejeitado.

O senhor Roberto acha que as CPIs, que custam dinheiro (o nosso), deveriam ser usadas para investigar o que não está claro e não para manter velhas pautas nas manchetes. O senhor Roberto estranha uma CPI para investigar a conseqüência do que não houve. O senhor Roberto suspira fundo e conclui que, se as CPIs que surgem nos gabinetes dos políticos com a sincera intenção de esclarecer fatos obscuros geralmente terminam em pizza, uma CPI sobre o que todo mundo já sabe e que começou numa cachaçaria vai terminar, na melhor hipótese, num x-salada.



Deixa ver se eu entendi.

No dia 15 de janeiro o Chico Lopes (presidente do Banco Central) estava numa sala dando o nosso dinheiro de presente (alguns milhões de dólares) para os bancos Marka e Fontecindam. O Malan (Ministro da Fazenda) também estava na sala no exato momento em que se consumava o saque. Mas não ficou sabendo de nada. É isso mesmo?

Cena 1, Sala do Chico Lopes - interior/dia

Uma sala na sede do Banco Central. Na mesa, Malan, Chico Lopes e um representante dos bancos, vamos chamá-lo de Arnolfo.

CHICO - Malan, você já foi a Fernando de Noronha?

MALAN - Não. Você já?

CHICO - Ainda não. Mas o pessoal fala muito bem. A gente podia dar um pulinho lá no fim-de-semana.

MALAN - Neste eu acho que não vai dar, vou ter que ir a São Paulo.

CHICO - Não é problema, a gente passa por lá para te pegar. Se o tempo tiver bom, claro.

Malan levanta e se dirige para a mesa do cafezinho. Chico, rapidamente, abre uma pasta, assina alguns papéis e entrega para Arnolfo. Malan se vira, quase surpreendendo Chico, que fecha a pasta. Arnolfo se recompõe. Chico assobia e olha para o lustre.

MALAN - Querem café?

CHICO - Ãh? Eu... não. Obrigado. E o senhor, doutor Arnolfo?

ARNOLFO - Não, obrigado. (levantando) Eu preciso ir. A gente se fala. Obrigado por tudo.

Arnolfo sai. Malan volta para a mesa com o café.

MALAN - Quem é esse sujeito? CHICO - O Arnolfo? É... meu personal training. (levanta) Acho que eu vou aceitar aquele café.
 

FADE OUT Malan estava na sala mas não ficou sabendo de nada.



FHC e Olívio para inglês ver

Porto Alegre, 10/5/99

Em sua campanha política aberta contra o Governo do Estado a FIERGS está distribuindo traduções (parciais) de artigos alemães e americanos sobre o Rio Grande do Sul. A estratégia revela em parte um comportamento provinciano e submisso, equivalente à atitude de quem pede para a mulher ou o marido baixar o tom de voz numa discussão, preocupado com "o que os vizinhos vão pensar". A justificativa econômica para a campanha não pára de pé: se a idéia é que a imagem abalada do estado afugenta negócios para a indústria, o melhor seria esconder as notícias e não gastar dinheiro para divulgá-las. De qualquer forma, a leitura de artigos estrangeiros sobre o Brasil pode ser esclarecedora. O aparente caos nacional às vezes faz algum sentido quando visto de bem longe. Mas é bom saber que, ao contrário do que fazem parecer a FIERGS e o Diego Casagrande no Teledomingo, a situação brasileira não é descrita lá fora obedecendo a um discurso hegemônico. Nem todo mundo se refere ao Rio Grande do Sul como "um abandonado estado fronteiriço isolado do mercado".

O artigo a seguir foi escrito por Gregory Palast, um respeitável articulista do respeitável jornal londrino The Guardian. Foi publicado em março, mas continua bastante atual: no momento em que escrevo esta nota (16:07, 10/5/99) FHC e Robert Rubin estão na Casa Branca, talvez decidindo o que fazer com o nosso salário. Para quem, como eu, não confia na isenção ideológica dos tradutores, vai também o original em inglês.



Como os Estados Unidos tomaram o poder no Brasil

Eleitores escolheram o presidente Cardoso mas uma conspiração americana deu a eles, em seu lugar, o secretário do tesouro Robert Rubin.

por Gregory Palast

Quando o secretário do tesouro dos Estados Unidos Robert Rubin era pequeno sonhava em se tornar presidente – do Brasil. Agora seu sonho se tornou realidade. Claro que, como um americano que mora em Washington, Rubin assumiu o comando da única maneira que podia – através de uma brilhante fraude. O presidente virtual do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, foi reeleito no último outubro por uma única razão: ele aparentemente havia estabilizado a moeda do país e, deste modo, detido a inflação. Na verdade, ele não fez nada disso. A moeda brasileira estava ridiculamente supervalorizada. Enquanto a eleição se aproximava, sua taxa de câmbio em relação ao dólar desafiava a gravidade. Este milagre carregou Cardoso para a vitória, com 54 por cento dos votos. Mas milagres não acontecem de verdade. Quinze dias depois da posse de Cardoso o real tombou e morreu. Hoje ele é negociado aproximadamente pela metade do valor que tinha no dia da eleição. (NT: o artigo foi publicado em 7 de março) A inflação está crescendo e a economia implodindo. O apoio a Cardoso, agora desmascarado como um impostor incompetente, caiu para 23 por cento do eleitorado. (NT: caiu mais na última pesquisa) Tarde demais. Ele é o presidente. Bem, mais ou menos. Não sobrou muito da presidência para Cardoso além do título. Todas as políticas significativas, dos gastos a geração de empregos, são ditadas pelo Fundo Monetário Internacional e suas agências associadas. E por trás deles, comandando a artilharia, está o secretário do tesouro Rubin, que governa como presidente do Brasil de fato, sem ter que perder um só coquetel nos Estados Unidos. Este é o preço que Cardoso paga pelos serviços de Rubin em sua campanha eleitoral, já que foi o tesouro americano, com o FMI, quem manteve a moeda brasileira lá em cima.

Rubin tinha boas razões, além de ajudar Cardoso, para manter a duvidosa política monetária do Brasil. Sabendo que a moeda ia se despedaçar depois das eleições, o tesouro dos Estados Unidos tomou as providências para que os bancos americanos pudessem tirar seu dinheiro do país em condições favoráveis. Entre julho e a posse de FHC em janeiro a reserva de dólares do Brasil despencou de 70 para 26 bilhões de dólares, um sinal de que os banqueiros estavam agarrando seu dinheiro e correndo. A moeda se manteve à tona antes das eleições porque os Estados Unidos disseram que iriam repor as reservas perdidas com um pacote de empréstimo do FMI. E deixaram claro aos eleitores que os recursos só seriam dados a Cardoso, não ao seu opositor do Partido dos Trabalhadores.

O patrocínio da elite internacional a Cardoso foi selado pela aparição no Rio de Janeiro, em julho, de Peter Mandelson, cujo surpreendente apoio a FHC marcou a entrada oficial do Brasil no projeto "Terceira Via", de Clinton e Blair, causando agitação na imprensa brasileira. Um mês depois da reeleição de Cardoso, o FMI realmente ofereceu créditos totalizando 41 bilhões. O Brasil não vai lucrar nada com isso, é claro. Todo centavo que realmente cai sobre o Brasil, pega o próximo avião com os investidores e especuladores que estão abandonando o país. Os brasileiros ficam para pagar a conta. Mas este é o menor dos seus problemas. Como parte da magia negra para manter a taxa de câmbio pré-eleitoral, Washington pressionou o Banco do Brasil para aumentar suas taxas de juros, que hoje estão estabelecidas em 39%. O FMI desejava que fosse 70%. Nas ruas de São Paulo isto se traduz em taxas de juros superiores a 200% nos empréstimos privados e crédito no comércio.

A confirmação do esquema de Rubin para favorecer tanto a Cardoso como aos bancos americanos vem de uma fonte muito interessante: Jeffrey Sachs, da Universidade de Harvard. Sachs é mais lembrado como principal propagador do vírus do neo-liberalismo, que espalhou teorias de livre-mercado e depressão econômica através da antiga União Soviética. Sachs, que continua entre os economistas influentes no jogo financeiro internacional, me disse: "Dava para ver a economia brasileira indo para o precipício. Aconteceu em câmara lenta. Mas ao invés de prevenir o colapso controlando a desvalorização, Washington e o FMI encorajaram fortemente as taxas de juros de 50%". "Washington queria Cardoso reeleito", afirmou, "e os financistas americanos precisavam de seis meses para descarregar a moeda e os bônus brasileiros em condições favoráveis".

Se Rubin parece ter prática em seu golpe de estado financeiro é porque ele usou o mesmo método em 1994 para se tornar o presidente de fato do México. Mais uma vez um desacreditado partido oficial retornou ao poder pela força da moeda e pela promessa de ajuda americana. Quatro semanas depois da posse do presidente Ernesto Zedillo, houve o colapso do peso enquanto os empréstimos americanos para o México eram garantidos por um empréstimo especial dos Estados Unidos.

Cardoso é esperto demais para responsabilizar Rubin pelos problemas brasileiros. Ao invés disso, com a ajuda da imprensa de direita, ele e o FMI responsabilizaram pelo colapso econômico os vilões que são tão familiares aos leitores britânicos: funcionários públicos, aposentados e sindicatos. Eles são acusados de sobrecarregar o orçamento do governo. Isto é bobagem. Os pagamentos dos juros, lembra Sachs, equivalem a monstruosos 10% dos gastos da nação e são inteiramente responsáveis pela duplicação do déficit federal. Comparado com isso, os pensionistas do governo, alvo principal dos cortes no orçamento, são uma gota no oceano. Mas a análise de Sachs é incompleta. Ele diz que o FMI fracassou porque os juros altos levaram à crise e à depressão. Ele está errado. A crise era parte do plano. Só com o pânico econômico Rubin e o FMI podem convocar os Quatro Cavaleiros da Reforma: o fim dos gastos sociais, o corte à folha do governo, a quebra dos sindicatos e, o verdadeiro prêmio, a privatização das lucrativas empresas públicas. Mas Cardoso não é um marionete feliz na mão de Rubin. Formado em sociologia e especialista em teoria da dependência, ele pode sofrer com a perda da soberania financeira do Brasil. Ele sobreviveu a eleição mas a oposição varreu seu partido dos maiores estados.

Os novos governadores não estão de luto e começam a mostrar seus dentes. Em janeiro, o ex-presidente Itamar Franco, recém eleito governador do estado de Minas Gerais, recusou-se a pagar as dívidas com o tesouro federal. Seis outros governadores então disseram a Cardoso o que qualquer pessoa sensata diria a um agiota que elevasse os juros da dívida de 10 para 60 por cento: vá para o inferno. A imprensa desqualifica Franco como um bufão com ciúmes de Cardoso. O objetivo é desviar a atenção para longe da verdadeira ameaça a Cardoso e ao FMI, Olívio Dutra, o popular governador do Rio Grande do Sul, uma estrela ascendente do Partido dos Trabalhadores. O filho de camponeses sem terra, vigoroso, carismático militante da era da televisão, transformou a capital do estado num exemplo nacional de desenvolvimento. É Itamar quem ataca mas é Olívio quem eles temem.

Cardoso está fazendo o que pode para punir os cidadãos do Rio Grande do Sul que elegeram Dutra, que não reteve os pagamentos do governo federal mas depositou-os em juízo. Cardoso respondeu com maldade, retendo 37 milhões de libras em impostos arrecadados no Rio Grande. Ouvido por telefone em seu gabinete em Porto Alegre, Dutra disse aceitar que a crise requer sacrifícios. Ele já demitiu funcionários públicos. Mas teve a audácia de sugerir que a GM e a Ford se juntassem ao sacrifício e abrissem mão dos benefícios fiscais que hoje sangram o tesouro do estado. O Brasil é uma nação rica. Seu PIB, mesmo durante a depressão, é um terço de um trilhão de libras. Mas como um hamster frenético girando numa roda de brinquedo, está perdendo a corrida para capturar sua própria riqueza que lhe escapa e retorna com juros usurários. É por isso que Dutra se rebela especialmente contra a privatização do banco de desenvolvimento do seu estado, um instrumento de auto-financiamento do Rio Grande. O governador, que não é bobo, não desperdiça munição no humilhado Cardoso. Ao organizar a resistência às exigências de Rubin e dos termos do empréstimo do FMI, Dutra astutamente faz mira não no marionete, mas em quem o manipula.



How the US seized power in Brazil
Voters chose President Cardoso but American scheming gave them Treasury Secretary Robert Rubin instead
By Gregory Palast, in The Guardian

When the United States Treasury Secretary Robert Rubin was little, he dreamed of becoming President – of Brazil. Now his dream has come true. Of course, as an American

living in Washington, Rubin won control the only way he could – through a brilliant swindle. The nominal President of Brazil, Fernando Henrique Cardoso, was re-elected last October for only one reason: he had apparently stabilised the country's currency -and thereby stopped inflation. In truth, he hadn't. Brazil's real was ludicrously overvalued. Yet as the election approached, its exchange rate against the dollar defied gravity. This miracle carried Cardoso to victory, with 54 per cent of the vote. But miracles don't really happen. Fifteen days after Cardoso's inauguration, the real keeled over and died.

Today, it trades at roughly half its election-day value. Inflation is zooming, and the economy is imploding. Support for Cardoso, now reviled as an incompetent cheat, has dropped to 23 per cent of the electorate. Too late. He's President. Well, more or less.

There is nothing much left to Cardoso's presidency but the title. All meaningful policies, from spending to employment, are dictated by the International Monetary Fund and its brethren agencies. And behind them, calling the shots, is Treasury Secretary Rubin, who rules as de facto president of Brazil without having to miss a single US cocktail party.

This is the price Cardoso pays for Rubin's election campaign services. For it was the US Treasury which, with the IMF, kept Brazil's currency aloft. Rubin had good reason, besides helping Cardoso, for maintaining Brazil's dubious coinage. Knowing that the currency would go to pieces after the election, the US Treasury made sure American banks could get their money out of the country on favourable terms. Between last July and the inauguration this January, Brazil's dollar reserves dropped from $70 billion to $26bn, a sign the bankers had grabbed their money and run. Yet the currency stayed afloat before the election because the US said it would replace lost reserves with na IMF loan package. And it was made equally clear to voters that the funds would be handed over only to Cardoso, not to the opposition Workers' Party.

The international elite's sponsorship of Cardoso was sealed by the appearance in Rio de Janeiro last July of Peter Mandelson, whose unusual endorsement of Cardoso marked the Brazilian's official enrolment in the Clinton-Blair 'third way' project and caused a stir in the Brazilian press. A month after Cardoso's re-election, the IMF duly offered credits totalling $41bn. Brazil will net none of it, of course. Any portion that actually drips towards the nation takes the next plane out with investors and speculators abandoning the country. Brazilians are left to pay off this debt. But that's the least of their worries. As part of the black magic of maintaining the pre-election exchange rate, Washington pushed the Bank of Brazil to raise its benchmark rates, which have now settled at 39 per cent. The IMF wanted 70 per cent.

On the streets of Sao Paulo, this translates into interest rates of up to 200 per cent on private loans and business credit. Confirmation of Rubin's scheme to bail out both Cardoso and the US banks comes from a most interesting source: Harvard University's Jeffrey Sachs. Sachs is best remembered as the Typhoid Mary of neo-liberalism, who spread free-market theorems and economic depression across the former Soviet Union. Sachs, who is still in the chattering loop of players in the international finance game, told me: 'You could watch [Brazil's] economy going over a cliff. It happened in slow motion. But rather than prevent collapse though controlled devaluation, Washington and the IMF vigorously encouraged 50 per cent-plus interest rates. ‘Washington wanted Cardoso re-elected,' he said, and American financiers needed six months to unload Brazilia bonds and currency on favourable terms.

If Rubin's financial coup d'etat seems well practised, this is because he used the same method in 1994 to become de facto President of Mexico. Once again, a mistrusted ruling party was returned to power on the strength of its currency and US promises of support. Four weeks after President Ernesto Zedillo's inauguration, the peso collapsed while American lenders to Mexico were bailed out by a special US loan fund. Cardoso knows better than to blame Rubin's manipulations for Brazil's troubles. Rather, with help from a right-wing press, he and the IMF blame the economic collapse on villains familiar to British readers: government employees, pensioners and unions. They are accused of busting the government's budget. That's nuts. Interest payments, notes Sachs, equal a monstrous 10 per cent of the nation's spending, and entirely account for the doubling of the federal deficit. Compared with this, government workers' pensions, chief target of the budget cutters, are a drop in the ocean. But Sachs' analysis falls short. He says the IMF 'failed', because the high interest led to crisis and depression. He's wrong. Crisis is part of the plan. Only in an economic panic can Rubin and the IMFunleash the Four Horsemen of Reform: kill social spending, cut government payrolls, break the unions and, the real prize, privatise lucrative public assets.

Yet Cardoso is not Rubin's happy hand puppet. Formerly a sociologist and expert on dependency theory, he must grieve for the loss of Brazil's financial sovereignty. He survived the elections, but the opposition swept his party from the biggest states. The new regional governors aren't grieving. They are baring their teeth. In January, Brazil's former President, Itamar Franco, just elected Governor of Minas Gerais state, refused payment on debts to the federal Treasury. Six other governors then told Cardoso what any sensible person would tell a loan shark who raises interest rates from 10 per cent to 60 per cent: go to hell. The press dismisses Franco as a buffoon, jealous of Cardoso. Their purpose is to take the attention away from the true threat to Cardoso and the IMF, Olivio Dutra, the

popular Governor of Southern Rio Grande state and rising star of the Workers' Party. The son of landless peasants, this youthful, suave militant for the TV age turned the state's capital into a national showcase of development. It is Franco they attack, but Dutra they fear. Cardoso is doing his best to punish the citizens of Rio Grande state for electing Dutra, who did not withhold payments to the federal government but paid the funds, about £27 million, into the courts. Cardoso responded viciously, holding back £37m in taxes collected for Dutra's state. The IMF blocked loans to Rio Grande.

Reached by telephone at his office in Porto Alegre, Dutra said he accepted that crisis requires sacrifice. He has laid off state workers. But he had the audacity to suggest that General Motors and Ford join the sacrifice and give up the tax breaks now bleeding the state treasury. Brazil is a rich nation. Its gross domestic product, even in depression, is a third of a trillion pounds. But like a frantic hamster on a toy wheel, it is losing the race to capture its own fleeing capital, which it must buy back at usurious interest rates. This is why Dutra is especially agitated over the seizure for privatisation of his state's development bank, an engine of Rio Grande's self-financed expansion. The Governor, no fool, does not waste bullets on the humiliated Cardoso. By organising resistance to Rubin's demands and the IMF's loan terms, Dutra shrewdly aims not at the puppet but the puppeteers.



Erramos.

Escrevi aqui que em Salvador havia uma rua chamada Antônio Carlos Magalhães. Na verdade, há treze.



Ainda o caso Ford-Bigode.

Domingo próximo passado, Teledomingo, canal 12, depois do Sai de Baixo. Peguei pela metade uma matéria sobre a repercussão do caso Ford numa revista americana. A imagem era o tal artigo, com algumas palavras destacadas e ampliadas. A locução de Diego Casagrande irformava que, no texto, "o governador Olívio Dutra é comparado a Joseph Stalin". Grifo no nome de Stalin. A matéria terminou e eu fiquei pensando que critérios o tal articulista teria utilizado para comparar Olívio a Stalin. Como se sabe, Stalin foi um ditador. Olívio foi eleito, democraticamente. Olívio pode ser acusado de casmurro, de ocupar telefones públicos com auto-elogios e de ser colorado, mas Stalin era um assassino racista. Procurei na Zero Hora do dia seguinte alguma referência ao tal artigo. Não encontrei.

Só consegui ler o texto ontem, sexta-feira. A publicação é a Bussines Week (3/5) e o articulista é Robert Barro, um economista que defende a dolarização no Brasil, seguindo o exemplo que quebrou a Argentina. Ele sugere que troquemos o nome do dólar para América, se o problema da dolarização é não ferir o orgulho nacional. Não é. Ele também se queixa da necessidade de cidadãos americanos precisarem de visto para entrar aqui mas parece achar natural que brasileiros precisem de visto para entrar lá. O artigo foi distribuído numa edição especial do boletim da Fiergs como parte de sua atual campanha contra o governo do estado. Junto, um texto meio truncado de um jornal alemão (Handelsblatt, 4/5/99. Talvez a tradução da Fiergs tenha piorado o original, meu conhecimento de alemão não é muito alles blau). Os alemães informam que o Rio Grande do Sul pré-governo Britto era "um abandonado estado fronteiriço, isolado do mercado" e que "em Porto Alegre as comunicações entre a economia e a política estão totalmente destruídas". Não sei o que eles chamam de "comunicações entre a economia e a política" mas eu juro que nunca pensei que tinha nascido e morava num "abandonado estado fronteiriço, isolado do mercado". (Na próxima vez que estiver fora do Brasil e me perguntarem onde eu moro, direi que é num abandonado estado fronteiriço, isolado do mercado).

A referência a Stalin na Bussines Week é a seguinte: "O governador local, Olívio Dutra, é inclusive fisicamente semelhante a Joseph Stalin" ("The local governor, Olivio Dutra, was even a dead ringer for Josef Stalin"). A principal semelhança entre os dois seria, portanto, o bigode. A analogia utilizada por Robert Barro é boba mas é honesta. É a síntese de Diego Casagrande na televisão que transforma uma semelhança física numa semelhança geral, genérica. Mas Barro também encontra no que ele chama de "o programa econômico" de Olívio inspirações na União Soviética dos anos 50: "fim das privatizações, criação de novas estatais, reforma agrária coercitiva, repúdio governamental de contratos com a GM e a Ford, restrição a investimentos estrangeiros e cancelamento do pagamento de débitos para com o governo federal". Não sabia que Stalin havia interrompido algum programa de privatização nos anos 50 ou tivesse problemas em negociar contratos com a GM ou a Ford. Nem que Olívio pretenda criar novas estatais ou fazer uma reforma agrária coercitiva.

A comparação para além do bigode é mais boba ainda. Faz parte de uma lógica de demonização da esquerda que associa ao que houve de mais truculento no estatismo comunista qualquer governo que busque a desconcentração de renda e priorize iniciativas sociais, contrariando interesses dos grande grupos econômicos. Como a Ford, por exemplo. No extremo, a idéia é: quem não dá muito dinheiro público para a Ford come criancinha. Os interesses dos economistas americanos aqui (ou no Timor, ou em qualquer lugar onde as criancinhas trabalhem desde cedo e as empresas americanas ganhem muito dinheiro) coincidem com a política de FHC, como a define Raimundo Pereira: "o esmagamento da pequena e média agricultura, do pequeno e médio empresariado, da indústria de máquinas nacional. Nos governos Collor e Fernando Henrique, a grande indústria automobilística internacional elevou sua produção no Brasil abruptamente, pulando do patamar de 1 milhão de carros por ano onde encalacrara desde meados dos anos 70, para perto de 2 milhões de carros anuais. Fez isso porque pode abocanhar grande parte do crédito e dos incentivos estatais. Um cálculo da Receita Federal de 1997 estimava que, no ano anterior, os incentivos à indústria automobilística eram superiores aos que tinham sido encaminhados à Sudene. Poder-se-ia dizer, sem exagero que, com isso, o governo ajudou a desbaratar a assistência de emergência à seca do Nordeste e entulhou as cidades brasileiras já poluídas e congestionadas" (ver Oficina de Informações, na seção Não Recomenda).

O governo Britto fez o mesmo por aqui: o que faltou para os pequenos e médios agricultores e empresários gaúchos sobrou para a Souza Cruz, Ford e companhia. O estado deixou de arrecadar em ICMS só através do Fundopem – Fundo Operação Empresa – 2 bilhões de reais. A Souza Cruz recebeu R$ 884,5 milhões, 44,22% do total destinado às empresas gaúchas. E nem precisava: foi a empresa que teve mais lucro no Brasil em 1997 (31,3%). "Todo excesso de caixa vai para o acionista", declarou Mozart Galvão, tesoureiro da Souza Cruz, à Folha de São Paulo. Nos últimos três anos, a empresa mandou para a matriz americana - British American Tobacco - 750 milhões de reais. O doutor Robert Barro conclui seu artigo dizendo que "os brasileiros deveriam se preocupar mais com uma política saudável (sound policy) e menos com nacionalismo". Vamos combinar o seguinte: quando bancos brasileiros nos Estados Unidos ganharem bilhões de reais em alguns dias por apostarem contra o dólar, quando empresas brasileiras sediadas nos Estados Unidos receberem milhões de dólares em isenções de impostos enquanto produzem câncer de pulmão e mandam milhões de reais de lucro para cá (acho que é isto que ele chama de sound policy) e quando os brasileiros puderem entrar e sair dos Estados Unidos sem precisar de vistos, a gente pára de falar em nacionalismo. Até lá, por favor, tirem a mão do meu bolso.



Atenção Baianos!

Se você tem alguma queixa contra o poder excessivo que Antônio Carlos Magalhães exerce em seu estado, procure o Poder Judiciário num destes endereços:

SALVADOR: Av. Antônio Carlos Magalhães, 7744. Fone: 371-0007 Atendimento: 07:00 às 22:00

ILHÉUS: Av. Antônio Carlos Magalhães,1047. Fones: (073) 231-2785 Atendimento: 08:00 às 13:00 (Defesa do Consumidor) - 13:00 às 19:00 (Causas Comuns) - 19:00 às 22:00 (Criminal)

ARACI: Rua Sete de Setembro, 323 - Fórum Governador Antônio Carlos Magalhães Fone/Fax: (075) 266-2105 Atendimento: 08:30 às 12:00 - 14:00 às 18:00 ITAGIBÁ: Rua Chile, 70 - Fórum Governador Antônio Carlos Magalhães Fone: (073) 244-2124 Atendimento: 08:30 às 12:00 - 14:00 às 18:00



A verdade triunfou e triunfará. (Aleluia!)

Assustadora a nota publicada hoje (sábado, 1/5, "A verdade triunfou e triunfará") no Correio do Povo pelos partidos que apóiam o governo do estado (PT, PDT, PSB, PCB, PCdoB). O texto todo é um equívoco, do título messiânico à incompreensível frase final ("Onde, por pouco tempo, quiseram impor o privilégio de poucos, o Rio Grande, com certeza, vai continuar construindo o sonho e a verdade de todo o povo gaúcho." O Rio Grande vai continuar construindo a verdade do povo gaúcho? O que quer dizer isso?).

Na primeira frase, um erro de português: não se usa maiúscula depois de dois pontos. A primeira frase do segundo parágrafo não tem sentido. ("O governo Popular apresentou, nas negociações com a Ford, numa proposta séria e "generosa" que ainda não foi aceita.") É isso mesmo que está escrito lá, a frase inteira, pode conferir. Talvez eles quisessem dizer "uma proposta séria...". Ninguém revisou o texto? E por que governo em minúscula e Popular em maiúscula? E por que o "generosa" está entre aspas? É uma citação ao Olívio? Quem sabe? A frase grifada no quarto parágrafo ("Destruidores da saúde, da educação e do futuro de gerações de gaúchos agora querem dizer que pau é pedra") é um exagero grosseiro, parece extraída de um panfleto estudantil. Não sabia que o futuro de gerações de gaúchos estava destruído. E o tom apocalíptico sobe no final. "Não conseguirão! A verdade já triunfou nas eleições. E a verdade vai triunfar de novo". "O Rio Grande já disse não a esses partidos neoliberais que tentaram destruir o Estado e escravizar o nosso povo. Fiquemos vigilantes!" Acho pouco provável que o Onix e o Berfran, com aqueles penteados, conseguissem destruir o estado e escravizar o nosso povo. A nota é tão infeliz que tem até reticências. Não sei quem a escreveu, mas um texto tão ruim certamente é resultado de um colegiado. O problema não é de estilo literário ou gramática. O problema é que um texto messiânico, truncado e confuso, revela um raciocínio messiânico, truncado e confuso. Felizmente o tom apoplético não é unanimidade no governo (como prova o ótimo "apedido" publicado na quinta-feira sobre a proposta feita para manter a Ford no estado) mas saber que o raciocínio que produziu esta nota circula pelos corredores do poder é de tirar o sono.



A Bahia é o Brasil. E o Brasil é a Puta Que Pariu!

A campanha para fazer de ACM o sucessor de FHC segue firme e forte. Depois da pirotecnia da CPI do judiciário, capaz de transformar em manchete nacional o nepotismo de um juiz do Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba, somos obrigados a assistir Daniela Mercury em cadeia nacional nos informar que a Bahia é o Brasil. Os índices bahianos de analfabetismo, de desemprego, de casas sem rede de água, esgoto e coleta de lixo e de renda per capita são realmente exemplares. Assim como a tradição nordestina de submissão aos coronéis, que inclui dar nome de avenidas e praças aos mandatários (muito) vivos. Há uma rua Antonio Carlos Magalhães em Salvador, uma avenida José Sarney e até um bairro Fernando Collor em Aracaju. Já imaginaram o que aconteceria aqui se o Olívio construísse uma avenida com seu nome? Daniela Mercury, com seus olhos grandes, seu gestual tenso-dramático-sorridente, lembra a Bethania dos tempos do Fauzi Arap. Só que a Bethania parecia realmente acreditar no que dizia, enquanto Daniela é uma evidente cabeça oca a serviço de agências de publicidade. Convoco os homens e mulheres de boa vontade e espírito cívico a começar agora uma campanha anti-ACM. No Não 63 publicaremos o dossiê-ACM, com as bandalheiras do próprio em mais de 30 anos de poder. Se você tiver alguma informação relevante (fontes, notícias publicadas, denúncias) mande para cá. Nossos netos agradecerão tudo o que você puder fazer para impedir que o ACM seja presidente da república.