... E eu quero mais que a Ford se for...
por Lulit
 
 
A montadora que chegou antes já tinha levado  nossa grana, mas ainda conseguimos renegociar no finalzinho. A bola já tinha rolado com muitas divididas no meio de campo. Como a idéia é deixar o bolo inchar para dividir o grosso para meia dúzia e depois as sobras para a plebe, se alguém ainda acha que foi gol, dá para considerar no máximo um gol de penâlti. É bom, mas não inesperado.

Mas aí chega a segunda montadora. Espalharam a notícia nos  EUA  que havia uns trouxas dispostos a pagar fortunas pra ianques que quisessem se instalar no sul do Brasil. Como já é conhecida a grana paga  pelos brasileiros para os norte-americanos explorarem a Amazônia, através de projeto federal, cara pálida pensou: No Brasil tudo trouxa!

Carro é muito bacana, mas na minha cidade tem trânsito em excesso, o táxi tá caro, o ônibus escasso e as obras do metrô ainda não começaram. Portanto, Ford, go home and give our money back!

Idéia kamikaze. (É só o que sobrou da minha mente depois de assistir à ultra-violência colonializante de "Matrix").  Proposta para os EUA: (entendendo que qualquer proposta financeira, apesar de muito sacrificante para nós, não vai interessá-los porque vai ser considerada perda de domínio inaceitável pelo mundo capitalista ocidental.) Então vamos fazer uma proposta para o oriente. Oferecemos um quinto delimitado do território da Amazônia para o Japão explorar, comercialmente e ecologicamente, por 20 anos. Com isto os japoneses pagam nossa dívida externa.

Depois de 20 anos, os japoneses podem seguir morando, mas devolvem a soberania.  Como o Japão está com a economia pior do que a China, a gente poderia oferecer para a China, mas só se eles deixarem os tibetanos co-habitarem e não contratarem trabalho a 1,99. Mas aí vem os EUA e ameaçam tirar os investimentos, economistas alardeiam e todo mundo morre de medo. Como o governo brasileiro já nem sabe o nível de seu atrelamento e de seu verdadeiro potencial econômico no meio da globalização, fica tudo bem difícil. Se devemos, é claro, não temos dinheiro algum. Mas seria bem legal ver o que aconteceria se deixássemos de ser devedores e colonizados e passássemos a vender nossa agricultura saudável.

Só sei o seguinte: quem planta soja orgânica ao invés de transgênica é disputadíssimo apesar de seu volume de folhas ser bem menor. Mas quem se importa?

Também sei que dá para assentar milhares de desempregados na Amazônia, dando instrução sobre desmatamento, queimadas e ervas, fiscalizando e ensinando a colher determinadas plantas. Mas tem que dar repelente. Sei também que montando toldos plásticos, tipo de circo, dá para alfabetizar muita gente e é sempre gostoso aprender no picadeiro. Montar programas de saúde em tendas, pagando mini-salários para formandos de medicina fazerem estágios aos fins de semana no interior, fretando  transporte coletivo por região, sai barato.  Dar antibiótico para casos graves, qualquer estudante sabe, o que não difere em nada da maioria das clínicas especializadas. Temos que começar a espraiar a homeopatia.

O ser humano é uma ilha cercada de gente chata em volta.
 
 
Lulit
luli@casacinepoa.com.br
 


Leia mais sobre homeopatia em http://www.homeoline.com.br. E acompanhe o trabalho da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança no caso das plantas transgênicas em http://www.fiocruz.br/cict/oquee/estrut/dect/bis/cibiofim.htm. Depois, volte para o...