Eis que um facho de luz iridescente corta o céu e, num estrondo, surge na estrada uma grande nave metálica. Devotos de Gaudalupe, os dois guatemaltecos põem-se imediatamente a pedir a Virgem que vele por suas vidas e a arrepender-se de seus pecados, que eram muitos. (Principalmente o da direita, o gordinho sem bigode, que de santo só tinha o queixo. O outro nem era dos piores).
E estavam eles a rezar e a se arrepender quando abre-se a porta da nave. E dela surge uma figura imponente e luminosa que os dois imediatamente reconhecem como sendo Quetazalcoatl, o herói tolteca há muito expulso da terra pelas artimanhas do invejoso Tezcatlipoca.
Quetazalcoatl, que trazia em seu ombro um quetezal de crista vistosa e longa cauda, aproximou-se dos dois apalermados guatemaltecos. Deteve o passo a poucos metros do dois, mas nada disse. Quem falou, depois de um breve engurujar, foi o quetezal:
"Você executou uma operação ilegal e o programa será fechado. Caso o erro persistir, consulte o revendedor".
E, de maneira tão brusca como surgiram, desapareceram a nave, Quetazalcoatl, o quetezal e o guatemalteco mais magro, da esquerda, de bigode, com cavalo e tudo, para nunca mais serem vistos.
Sozinho na estrada, o guatemalteco gordinho pôs-se
outra vez a galopar enquanto exclamava, aliviado: "Ainda bem que eu uso
linux!".
Jorge Furtado
jfurtado@portoweb.com.br