Por Álvaro Magalhães
Em uma pesquisa entre os leitores-escritores do Não, aposto que a resposta SIM ganharia disparado. Isto porque não imagino que haja muitos fãs de pagode ou de sertanejo ou de axé ou mesmo da tchê music nas nossas hostes. Mesmo entre os mais jovens (a quem dedico este texto-provocação). Assim, a pesquisa não refletiria o gosto da maioria dos brasileiros, que compram estas merdas (e bundas) em forma de CD ou de audiência em rádio e tv. Mas eu, por outras razões, acho que a resposta melhor seria NÃO. Ou seja, me aliaria aos fãs desse lixo cultural/nacional e diria que a música popular, especialmente a música Pop, não está piorando.
Note-se que a turma pop continua vendendo bem, o que acontece e que a música feita no Brasil assumiu a liderança absoluta nas vendagens, como talvez nunca tenha ocorrido. (Não sei bem como era a coisa na época áurea do rádio, com o predomínio dos programas de auditório e da Rádio Nacional, que era estatal). O interessante é o seguinte: como o "Pop" - aí entraria desde o rock mais tradicional a bobagens derivadas do B52 (como a Blitz), ao Punk dos porões ou replicantes - deixou de liderar as vendagens - a ponto de que até a MTV teve que mostrar músicas com ritmos nascidos no Brasil - os grupos pop começaram a correr atrás de qualidade musical e da fusão com ritmos brasileiros. E isto melhorou pra burro o que é feito nesta área durante os anos 90, desde os velhos Paralamas e seus filhotes como o Skank aos "novos" como Sepultura, Raimundos ou Carlinhos Brown. Sem falar no ótimo compositor Ed Motta ou na gaita do Nenhum de Nós.
A música pop não é mais a que caracteriza as novas gerações (como foram o Renato Russo ou o Cazuza pros anos 80), nem a que mais vende, mas curiosamente melhorou. Isto, talvez, porque essa turmas começaram a se preocupar com música e procurar fazer música, e até em fazer música até com ritmos brasileiros. [É claro que isso não vale para campeões de venda como Gabriel o Pensador, que pensa em comprar seu primeiro tecladinho pra aprender a fazer um acorde depois de vender milhões de discos de "música" ou de Claudinho e Buxexa que entraram ontem numa aulinha de violão.]
É curioso, mas o que uniria as gerações
do Não que responderiam SIM à pergunta inicial seria a rejeição
ao lixo cultural imposto pelas velhas multinacionais e pela novas gerações
de músicos oriundos de parcelas mais pobres e menos cultas do Brasil,
das Cohabs da vida. [Lembram-se da letra de "O Morro Não Tem Vez",
de Tom e Vinícius, ("quando derem vez ao morro, toda cidade vai
sambar") ? Quem diria que estaríamos fora de "toda a cidade", reivindicando"qualidade"?]