Por Homera Cristalli
e esse é o nome dela mesmo.
Eu tinha 17 anos quando conheci pela primeira vez uma lésbica. Não nos conhecemos no sentido bíblico, me refiro a conhecer no sentido mais simples, mesmo. Você sabe, uma garota com quem eu saía à noite, falava ao telefone, enfim, uma amiga. Cara, eu achei aquilo o máximo. Até então eu havia sido absolutamente fascinada por mulheres homossexuais. Ou mesmo bi. A idéia de uma menina sentindo desejo por outra era quase uma obsessão.
Afinal, como é que aquilo funcionava? Seria o mesmo desejo dos homens, por bunda, peitos, a coisa toda? Eu ficava muito frustrada por não ter essas sensações. Olhava para as garotas à minha volta e procurava lá no fundo algum traço que fosse de tesão. Alguma chama adormecida, sei lá.
E necas. Teria que me conformar com ser hetero, que saco.
Até que apareceu a Mariana.
Ela tinha 19 anos e era garçonete de um restaurante japonês. Tinha cabelos curtos e piercing no nariz. Isso há alguns anos não era tão comum como agora, chamava a atenção. Bom, uma vez eu saí com um cara que quis me impressionar e parecer adulto. Ele me levou para comer sushi. Mariana veio nos atender e por incrível que possa parecer, na hora não me ocorreu nenhum pensamento sobre a sua sexualidade. Depois eu tomei umas cervejas e acabei derrubando o potinho de shoyo na minha blusa. Adivinha quem foi comigo até o banheiro para me ajudar a limpar?
Entendam bem, não rolou nada. Mas nós nos adoramos de primeira, trocamos telefones, coisa e tal. Como se nos conhecêssemos há um tempão. O início dessa amizade era duplamente gratificante para mim: eu realmente gostava da Mariana e ao mesmo tempo podia observar de perto um objeto da minha obsessão. Ela nunca fez mistério sobre o fato de transar com mulheres. Me contava tudo o que fazia e eu ficava alucinada, imaginando.
Começou a acontecer uma coisa estranha comigo. Eu ainda não sentia atração pelo meu sexo, mas passei a não sentir nada tampouco por homens. Estava perdida no limbo. Eu ainda gostava de caras, digamos assim, da parte física, mas o resto da anatomia masculina não me despertava absolutamente nada abaixo da cintura. Resolvi mandar logo pro inferno e convidei a Mariana para passar o fim de semana na minha casa. Meus pais iam viajar.
Na noite de sexta, saímos e depois dormimos na mesma cama, só que a bebedeira me impediu de concretizar qualquer coisa. Foi na manhã seguinte que sugeri pra Mariana, quase sem respirar, que ela fosse tomar banho comigo. Ela ficou me olhando muito séria, depois me puxou pela mão para dentro do banheiro.
A Mari foi minha primeira namorada, de várias que tive depois. Passei a freqüentar bares gays, conheci muita gente. Foi legal, mas passado algum tempo, aquele tédio voltou a me assaltar. Não estava satisfeita, não era aquilo que eu procurava, mais uma vez.
Mas agora acho que vai dar certo. A Lulu é uma pessoa maravilhosa, nos conhecemos uma noite dessas. Ela é linda, fascinante, e acho que vai resolver o meu problema. Ela e aqueles vinte e três centímetros de pau que eu espero que nunca resolva operar.
Pega esses 23 centímetros de pau bem aqui
e volta pro NÃO