O Tarado do Garagem
por Carlos Manero
De todos os absurdos que cometi este certamente é um dos maiores. Não, quem manda me apaixonar por osvaldeiras? Osvaldeiras não prestam, já dizia meu amigo Santiago. E é verdade. Ainda mais aquela. Nos encontramos no Garagem, lugarzinho frau onde pessoas sem ter o que fazer terminam a noite. Estava lá pensando em como seria bom agarrar alguém. Apenas por agarrar. Coisas assim. De tarado. É, tudo bem. Sei. Sou um tarado, e aí? O problema é que a osvaldeira estava lá. Sozinha. E fechando um bagulho num guardanapo. Ah, não era pra dizer isso? Sei lá. Todo mundo sabe. Fumamos junto sem nem nos conhecer. Ela sorria com seu arzinho chapado de "que tá me secando, babaca?". E eu estava, várias cervejas e já estou achando que sou o maior comedor do pedaço. Isso sim! Sou nada. Mas é chato um cara macho admitir isso. Então, digamos, assim, que seja o tarado do Garagem. Então quando me enxergarem por lá, osvaldeiras, fujam. Eu quero bolinar. Assim são as osvaldeiras. As garotas mais caretonas de Porto Alegre. Sabe? Elas se arrumam todas fashionables, loucas pra dar, roupinha do miquesbazar e o caralho à quatro. E bebem, fumam e se entorpecem. E olham para nós, os tarados, com aquela olhar de "vou te dar ainda hoje." Puro papo, velho. No final, molho as cuecas por nada. É não pra mão nos peitinhos, não pra mão na bunda, cuidado com as coxas. As mil e uma noites do Garagem, contadas por Cherazada, a garota cheirada. Mil e uma noites indo lá, provocando os palhaços e bobões udigrudis e andertrouxas. E fuder que é bom? Picas. Mas compensou em drogas, como diria Sam Peckimpah, lá em seu sítio de Morungava. Bom, lá em cima, eu falava em absurdos. Bom, aí estão os absurdos. Na verdade não tem absurdo nenhum. A ripechique loirinha dançou Doors as seis da manhã e voltamos de ônibus até a rótula da Protásio. Um chupão de seis da manhã e gudibairãni.E eu acabei gostando dela. Até bati uma bronha de pé, esperando outro ônibus. Meio de canto, atrás duma placa da Ativa. Sujei uma propaganda de liquidação da Casa Lú. Absurdo é acreditar que autisaiders frequentem o Garagem e que as garotinhas da mamãe que vão lá sejam liberadas sexualmente. Anos noventa são um saco! O negócio é como diz o Anselmo, depois de vomitar salsichão na frente da Lanchéra e poguear no chou do Wander Wildner no Ocidente. Vamos lá no Misura na Baltazar ou no Um, Dois, Feijão com Arroz no Sarandi. Mulheres baratas e aquela pauleira descontraída cercada de vans da Brigada Militar. E, se nada der certo, chamar as gauchinhas pra fazer um trique-trique-rolimã lá na Garden Village. Quem se importa? Vocês? Vão siriricar em casa, osvaldeiras. Sou um apenas um tarado. Um cínico de bom coração.
Às vezes, a solução é a punheta mesmo. Clique aqui, volta pro NÃO e manda bala.