Setenta mas nem sempre se consegue.
Jorge Furtado
Não saiu do ar e voltou, numa brincadeira meio sem graça que demonstra falta de assunto, eu acho. O número sessenta e nove, puro sexo, teve grande audiência. Não seria diferente. As polêmicas ficaram chatas. Não poderia dar em outra coisa. Pretensões literárias esboroam-se como broas, piadas pifam e, como dizia aquele velho navegador, não foi possível localizar o local. E agora? Não está em crise.
Quem não está? O país torce por Popó, Guga e Rubinho. Nossos heróis já tiveram, pelo menos, mais letras. Eder Jofre, Maria Ester Bueno e Emerson Fittipaldi talvez hoje fossem Jojó, Teté e Titi. Parte da culpa é da televisão e a tendência é mundial. A pesquisadora Kiku Adatto, de Harvard, descobriu que o tempo médio das falas dos entrevistados nos telejornais americanos caiu de 42,3 segundos em 1968 para 9,8 segundos em 1988. Marchamos para a imbecilidade dos monossílabos.
A maioria não quer Pitta, FHC e venda de armas. A maioria não gosta de política, não lê um livro por ano e acha que a Mocidade desfilou melhor que a Imperatriz. A maioria não está com nada. A RBS está preparando o seu futuro jornal, a Globo a sua futura novela, o PT está escolhendo o seu futuro prefeito, o Banco Mundial o seu futuro presidente e o FMI o seu futuro. E você, vai escolher o quê?
Que tal um Não parnasiano, cheio de ninfas e faunos, vergéis mimosos, murmurosas linfas? Um Partenão. Desculpe, desculpe. Ou um Não sem palavras, só de ótimas imagens que levarão horas para baixar e, esquece. Um Não político, discutindo seriamente as denúncias da ex-mulher do Pitta sobre o Maluf, o ACM e o Gilberto Miranda. Você deve estar brincando. Ou quem sabe a gente parte em luta da audiência e patrocínio e põe umas bundas na capa? E mostra a casa dos colaboradores em fotos coloridas? Melhor não, deixa assim.
Não está em crise mas não está morto. As flechas do inimigo cobrem o sol, está certo, mas você viu o preço do Sundow 40? Publiquei os textos que gostei na ordem que me deu na telha. É isso aí e lambe os dedos.