Itens enviados (3)

Giba Assis Brasil
 


para Ana Maria Victorino 08/01/2000 (via ICQ)

Então tá combinado. Semana que vem eu entro no mestrado de letras, você no de ciências sociais. Depois você faz concurso pra dar aula de prática de processo e eu abro mais uma turma de roteiro, com especialização para TV. A gente derruba o Fernando Henrique e convence a Martha Medeiros a voltar a escrever poesia. E acho bom parar por aqui, que eu já estou morrendo de sono e tenho que trabalhar amanhã.


para Marcelo Träsel 17/01/2000 (via ICQ)

Deve ser horrível, né? Mais ou menos como ver o teu filme num cinema vazio, esperar as luzes se acenderem pra cumprimentar o único vagabundo na segunda fila e descobrir que ele tá dormindo desde o trailer.

(...)

Quase. Mas o consolo é que o Van Gogh passou por piores, e o Kafka nem tentou.

(...)

Ou isso ou Kafka. Mas como será que o cara morreu? "Um dia a posteridade me descobrirá"? Ou "Se o Max não queimar essa merda eu juro que volto pra puxar os pés dele de noite"?


para Rodrigo Guri 27/01/2000

Um cara chamado... deixa eu ver aqui... Jean Baudrillard escreveu um livro chamado "Esquecer Foucault". Felizmente ninguém vai precisar escrever um livro chamado "Esquecer... esquecer... quem mesmo?


para Denise Garcia 01/02/2000

Li a matéria da Folha e achei muito engraçado o "cansei" atribuído ao Allan. É claro que eu não acreditei, em nenhum momento, que o Allan tivesse dito isto. Não porque eu conheço o Allan (até nem conheço tanto), mas porque eu conheço os jornalistas.

Só tem uma coisa que eu não achei nem um pouco engraçada: o fato de vocês terem aceitado exibir o filme de graça. Na verdade, achei triste, deprimente. Sinto dizer isso, mas eu já estou muito velho pra contemporizar: acho irresponsabilidade dar de graça um filme do caralho feito com um puta esforço e criatividade (nunca embarquei nesse tom blasé do 1,99), apenas pra aumentar os lucros de mais um filme (que eu nem sei se é bom ou não) de Hollywood.


para Carlos Gerbase 25/02/2000

Em plena madrugada, entrei num sítio chamado "I, REARRANGEMENT SERVANT", que na verdade é um anagrama de "INTERNET ANAGRAM SERVER" <http://wordsmith.org/anagram/index.html>, provavelmente uma das cinco ou seis coisas mais inúteis do planeta virtual. O que ele faz: gera uma lista imensa de anagramas (em inglês, of course!) para qualquer palavra, expressão ou frase que tu colocar num quadrinho.

Bom, acontece que eu tinha acabado de ler a tua matéria no COL (muito longa, muito edificante e portanto insuportavelmente chata, ainda que eu concorde com quase tudo), então a primeira coisa que eu pensei em colocar no quadrinho foi justamente o teu nome. Entre os mais de 2 mil anagramas gerados, gostaria de te passar estes, que tu pode quem sabe um dia usar como pseudônimo ou codinome ou apelido ou sei lá o quê.

COBRA LARGESSE
CROSSBAR EAGLE
CABLE AS ROGERS
(e o meu favorito)
CEREBRAL ASS GO


para Lisa Becker 25/02/2000

Como eu tinha realmente muita coisa pra fazer, e com urgência, gastei alguns centavos de hora na tal brincadeira. E uma das primeiras coisas que eu coloquei foi, claro, o meu nome (mas juro que, antes, botei o nome do Gerbase). Qual não foi a minha surpresa ao descobrir, entre os mais de 2 mil anagramas sugeridos para GIBA ASSIS BRASIL, a frase LISA IS A BIG BRASS. Então pensei em te dizer isso. Talvez tu consiga descobrir o significado.

P.S.: Um dia, quem sabe, depois de atuar em muitos filmes, abandonar a carreira e voltar em um papel glorioso, tu podes usar o pseudônimo REEL IS BACK.

P.S.2: Avisa pro Carlos Formoso que, se uma tarde dessas ele estiver de saco cheio de suas aulas em inglês e não restar nada além de ficar olhando pro teto da sala de aula, ainda assim ele pode se distrair um pouquinho ao pensar que CLASSROOM ROOF é um anagrama do nome dele.

P.S.3: E assim por diante.


para Paulo César Teixeira 29/02/2000

Foguinho, na verdade minha pesquisa é sobre os gloriosos NONOS LUGARES da segunda divisão brasileira. A lista ainda não está completa, trata-se de um trabalho inédito, que a grande mídia não tem interesse em divulgar, que ninguém quer patrocinar, e cujas fontes de pesquisa são ainda pouco visíveis. Claro, a grande maioria dos veículos prefere falar sobre os campeões, no máximo os vice-campeões e muito eventualmente os terceiros e quartos lugares das competições (e sempre das divisões principais), o resto é como se não existisse. Mas eu acredito que, com fé e tenacidade, podemos modificar esta situação.


para Luis Carlos Soares 01/03/2000

Era nos tempos da Embrafilme, e aquele cineasta paulista estava muito insatisfeito da vida, quando viu um anúncio na Folha dizendo que, por uma módica quantia, um certo inventor era capaz de transformar cineastas paulistas em cineastas cariocas.

Louco de curiosidade e de vontade de fazer filmes, o cineasta paulista correu até o endereço indicado. E descobriu que o tal cientista maluco tinha realmente inventado uma máquina com aquele propósito. E mostrava, explicando:

- Como você pode ver, a máquina tem duas entradas e uma saída. Esta entrada aqui é para o cineasta paulista, na outra eu coloco uma certa quantidade de merda. E, em poucos segundos, você sai por ali, já transformado em cineasta carioca.

Nosso cineasta paulista considerou seriamente a proposta, a transfomração abjeta pela qual deveria passar mas também o conseqüente aumento da possibilidade de verbas para os seus filmes, e resolveu encarar. Pagou a taxa e entrou na máquina.

O inventor fechou a porta da primeira entrada, jogou a merda na segunda entrada, ativou uma chave, girou duas manivelas, apertou três botões. Algumas luzinhas piscaram, ruídos estranhos foram ouvidos e, logo depois, o nosso cineasta saiu pela outra porta, dizendo:

- Mas bá! Puseram merda demais nesse troço, tchê!


para Clarah Averbuck 18/03/2000 (via ICQ)

Perfeito, Clarah. Tá no caminho certo. Pelo que eu sei, são os três sintomas básicos: (1) eu nunca vou conseguir escrever; (2) a coisa na qual eu estou envolvido é uma merda; (3) preciso procurar outra profissão. 25 anos depois, pra mim continua sendo um mistério, mas só depois de chegar a essas três conclusões é que eu consigo escrever alguma coisa que preste. E não adinata fingir: tem que acreditar MESMO nos três itens acima.

(...)

Agora foi pro lado errado. Não te sinta compreendida, muito menos compreendidíssima: faz mal pro trabalho.



para Edward Williams 22/03/2000

Sinceramente, Edward, não tenho favoritos pro Oscar. Acho o Oscar um prêmio importante, claro, mas, depois de muitos anos me preocupando com isso, desisti de tentar entender a lógica da Academia. Quase sempre é uma lógica comercial, mas às vezes ela surpreende. Quem recebe um Oscar ganha dinheiro, isso é certo. E aquela festa de entrega é talvez a coisa mais chata que já inventaram neste planeta. É pior que corrida de fórmula 1 ou abertura de Olimpíada comentada pelo Pedro Bial. Enfim, não tenho favoritos. Gostei do Beleza americana, um pouco também do Quero ser John Malkovich, não vi O Informante. Adorei A Ostra e o vento, mas acho que este não concorre.


para João Barê Junqueira 25/03/2000

Acho que é da idade, mas ultimamente dei pra ficar com os olhos cheios dágua quando ouço o hino nacional. Claro que não perdi o meu senso de ridículo (ainda), me irrito ao ver milicos marchando de bandeira na mão, só consigo achar graça na tentativa da Rede Globo em transformar o Airton Senna em mártir, o Barrichelo em herói do país e um campeonato de empresas que fabricam motores de automóveis num momento de afirmação nacional. Mas ainda ontem, lendo a entrevista da Marina Silva na revista Bundas, contando como ela, com 16 anos, magrinha, tuberculosa, pobre, analfabeta, seringueira nos confins do Acre, conseguiu convencer o pai dela a ir "pra cidade" estudar (imagino que Rio Branco, em 1971, devia ser um colosso), e terminou socióloga, ambientalista, líder sindical e senadora pelo PT, batalhadora, mãe de 4 filhos - de repente eu tava chorando, e quando me dei conta tava chorando pelo Brasil.