Amor de Índio
Marisy D´Lopez
"No inverno te proteger, no verão sair pra pescar
no outono te conhecer, primavera poder gostar
no estio me derreter pra na chuva poder dançar e andar junto.
O destino que se cumpriu de sentir teu calor e ser tudo."
Beto Guedes - Amor de Índio
Se o homem dela um dia escutasse esta música, e o piano de abertura dela, tenho certeza que ele se derreteria. Não só pela letra que é linda e diz tudo, mas pelos toques absurdos que ela consegue fazer com todas nossas fibras de nervos.
Lindo é o homem dela, com sua boca tentadora, emitindo sons uaktianos nos seus ouvidos, arrepiando seu poros, seus pêlos alourados, quebrando os cristais da casa, tremendo os galhos da cerejeira do quintal, balançando os maracujás, embalando as campânulas rosadas da trepadeira Sete-Léguas, ouriçando os gatos da casa...(embora ele odeie gatos!) e sacudindo as camélias do pé.
Doce é sentir o homem dela inteiro; não só o sexo, mas inteiro. Beijar, acariciá-lo, deitar a cabeça do homem no seu peito, sobre suas coxas, e amaciar seus cabelos com ternura, como se fosse este o gesto último da vida tal sua importância.
Perfeito é o corpo dele, quando deitado, e os dedos dela percorrendo doce todas as reentrâncias, curvas e saliências qual deserto a ser explorado. Sentir ele vibrar e vibrar com o prazer dele; fazer dele seu rei e escravo. Deixá-lo tonto, impotente, assustado, estarrecido, louco, desvairado de amor. Deixá-lo (com seus parcos cabelos) assim como aquela cara do velho Einstein!
E só bem tarde da noite, ir pra cozinha com ele, inventar um prato, lavar a salada de folhas tenras, entre um beijo e uma apalpada na bunda, chupar seus mamilos entre dois goles de tinto, deixando ele antever a sobremesa.