Carta a Olívio por Marisy D´López |
Tu não me conheces; nunca ouviste falar de mim, mas estiveste junto a mim em quase todas as lutas do Magistério; te encontrei na praça da Matriz, em todos os palanques em que concorreste a algum cargo. Por duas vezes, olhaste pra mim, lá do alto, e eu juro, podia jurar que tu me olhavas , sorrias e me cumprimentava, destacadamente, de todos os outros. Meu coração, não tenho vergonha de dizer, exultou. Na penúltima eleição, lá estava eu com meu filho de 17 anos naquele mesmo palanque. Não sei que par de olhos brilhava mais, se os meus ou os dele! E foi graças ao Governo Collares e à penúria tal que ele nos deixou como professores, que eu e muitos colegas lá do Julinho, desesperados, fomos à cata de outro emprego. Sempre digo, Collares foi o anjo negro que caiu na minha vida! Se ele não tivesse arrebentado com a minha vida profissionalmente, eu não estaria tão bem como estou hoje. Fui à luta, usei de meus talentos ocultos, estudei muito, mais ainda, e hoje presto assessoria empresarial a âmbito nacional. Contrariando a máxima de um jornalista, Rogério Mendelski, que dizia: "só é professor quem não tem capacidade pra ser outra coisa"... Aí, deduz-se o porquê do salário tão irrisório. Incapazes, contentem-se! E foi, há 3 anos, que assessorando um empresário fornecedor de prefeituras e subprefeituras, PMDB convicto, que ele me revelou: "Trabalho há vinte anos fornecendo às prefeituras gaúchas. Em todos estes anos, nunca encontrei Prefeito mais honesto que o Olívio! Corretíssimo, pontual, rigoroso em seus compromissos." Por isso, Olívio, que a gente espera e confia. Sabes o que é confiar? Confiar é sentir-se como uma criança de 4 anos que segura na mão do pai e acata as ordens do pai. Se o pai disser "Vai" ela vai cegamente. E se a ordem for "Espera!" Ela confia. Podemos até chorar, bater sineta, brandir cartazes, implorar, temos este direito assim como todos o têm, mas confiamos em ti. Tens histórico para ganhares esta nossa confiança. Por isso, Olívio, apesar da nossa ladainha salarial, temos orgulho, em meio a sinetadas, de te pedir autógrafo, sentir teu abraço, apertar tua mão, e sentir os olhos rasos... |
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