A Ambigüidade do Umbigo e algumas Ubiqüidades
Jorge Furtado
Caro leitor, sinceras desculpas pelo atraso. Nunca foi tão difícil editar o Não. A falta de tempo é a de sempre, a novidade é a falta de assunto. Tentei animar a moçada sugerindo como tema o Fórum Social Mundial mas, depois de uma resma de cartas e artigos com meia dúzia de idéias, o Fórum parece mais velho que a chocofest do ano retrasado. O problema é que todos os assuntos, ainda que urgentes, são velhos demais. Poucos parecem dispostos a gastar preciosos bites para falar mal do governo FHC, da Globo, da Zero Hora, da CBF, do PT ou do cinema gaúcho e brasileiro. Ou para espinafrar humoristas de direita como Olavo de Carvalho ou Diogo Mainardi. As novidades, Jader Barbalho e passar cerol na mão, também não são muito empolgantes. Editei os textos que recebi e li até o fim com interesse. Como sempre, tem coisa muito boa, Domingos de Oliveira, Miguel da Costa Franco, Allan Sieber e Marcos Rolim, por exemplo. Álvaro falando mal do Caetano, por exemplo. Como sempre, tem muita encheção de morcilha, como este editorial, e muita gente falando daquilo que a escritora americana Deirdre Day-MacLeod definiu como “... algo que está precisamente entre a cabeça e os genitais, portanto, algo ambíguo, que nem é estritamente sexual, nem tão inocente quanto parece, tal como Britney Spears”. Os gregos antigos chamavam de “omphalos”, de Omphale, deusa cuja beleza escravizou Hércules. “Enquanto Omphale, coberta com a pele de Leão de Neméia, comia maçãs, Hércules, vestido de mulher, fazia trabalhos de lã e permitia que ela lhe batesse às vezes com sua chinela”. A moça devia ser uma graça.
Boa leitura.