Utilidade pública da Internet

 
Este menino, Cláudio Fabrício, de 9 anos, desapareceu no último dia 8 de março ao voltar da escola, na zona leste de São Paulo. Ele possui uma variedade rara de pseudopolimorfomielite dupla nos rins, e seus pais, um auxiliar de escritório e uma digitadora, não dispõem de recursos para pagar a intervenção a que ele precisaria se submeter nos próximos meses, no Hospital Geral do Oregon, único do mundo com uma unidade adequada para este tipo de tratamento. Como, mesmo na hipótese de conseguir o dinheiro e de a operação ser bem sucedida, as chances de Cláudio Fabrício chegar à adolescência são muito pequenas, ele vinha há alguns meses colecionando tampinhas de Pepsi Cola, com o intuito de formar a maior coleção do mundo no gênero e desta forma entrar para o livro dos Recordes. Graças a uma rede de solidariedade formada através da Internet, apenas de novembro para cá Cláudio Fabrício conseguiu coletar mais de 136 mil tampinhas de Pepsi, faltando menos de 22 mil para alcançar a marca de uma jovem surda-muda e mutilada de guerra da Bósnia (cujo nome foi bastante divulgado em campanha internacional no ano passado, mas que agora me escapa). Cláudio Fabrício já conseguiu sensiblizar a direção da Pepsi, que desde o início de fevereiro passou a doar uma tampinha para cada clique na página http://www.pepsi.com/claudiofabricio.html, ao mesmo tempo em que automaticamente é oferecida uma doação de um centavo e meio de dólar para o St.Elias' Home, uma ONG européia que auxilia mulheres afegãs vítimas do Taleban. Infelizmente, o Guinness não registra recordes em nome de pessoas desaparecidas, o que pode fazer com que todo o esforço dispendido por Cláudio Fabrício e por tantos em seu nome tenha sido em vão, exatamente quando se calcula que o menino atingiria o novo recorde em poucos dias. Assim é que, numa nova iniciativa registrada ontem, 19 de março, no S.M.B.W. (Solidary Marketing for a Better World, veja http://www.smbw.org), a Pepsi, associada à Microsoft, à Exxon e à AOL-Time-Warner, resolveu pagar 17 centavos de dólar para cada vez que cada internauta acessar a página http://www.freeclaudiofabricio.com e enviar um e-mail para o endereço do raptor ou raptores de Cláudio Fabrício, sensibilizando-o(s) a devolver(em) o menino, ao menos até a homologação do recorde. Não sendo encontrado o paradeiro de Cláudio Fabrício e seus possíveis algozes até a data limite de 31 de julho, as rendas adicionais de colocação de produtos no site oficial do movimento "Free Claudio Fabricio", bem como os direitos de venda da história para livro, filme, VHS, CD-ROM, DVD, video streaming, e-book, u-chip, f-word e x-burger reverterão para um fundo em prol dos animais refugiados das queimadas (...)
 

NOTA DO EDITOR: Infelizmente, este emocionante apelo nos chegou por um e-mail infectado com um novo tipo de vírus. Ao tentar inoculá-lo, nosso antivírus (já demitido da função) destruiu a parte mais interessante da mensagem, justamente aquela que dizia algo sobre "a nova legislação do SPAM" e "caso não queira mais receber este tipo de mensagem", etc.