TERRORISMO DE ESTADO
por Alvaro Magalhães 20/03/2002 - 13:45

[resposta ao artigo de Jaime Lerner em UMA PROVOCAÇÃO E DUAS RESPOSTAS]
 

Alô, Jaime:

O termo terrorismo de estado foi criado para caracterizar governos ou regimes ditatoriais, autoritários ou totalitários em que direitos individuais ou de grupos são consciente e sistematicamente violados. Quando o nazismo foi derrotado, por exemplo, nunca se pensou em acabar com o estado alemão ou com os alemães, mas sim com um regime que se caracterizou pela violência sistemática contra um grupo de indivíduos dentro de seu território. E aquele regime, com aquele massacre, marcaram os alemães e seus decendentes muito fortemente. Nem por isso eu encontro um alemão e penso que ele é hitler ou racista.

A discriminação, o não reconhecimento de garantias indivíduais e o extemínio estão fora dos atuais padrões de legitimidade da ação estatal. Tacar mísseis em áreas civis, marcar os palestinos como os alemães fizeram com os judeus e achar que só depois disso é que dá pra negociar a paz... Como nos ensinou Max Weber, que apesar de alemão e genial - ao que eu saiba - não era judeu, o monopólio do uso legítimo da violência pelo estado é moderno e civilizado. E ele grifou o termo legítimo (ou violência legítima), uso regulado por lei.

Mesmo que esta direita raivosa tenha sido eleita e tenha apoio de opinião pública, não se pode pensar que os judeus reivindiquem como legítimo o uso da violência de estado sem critérios civilizados. E parece que o atual governo de Israel está passando dos limites do civilizado. Não é à toa que os europeus querem viabilizar financeiramente um estado palestino. (E com isso ninguém tá dizendo que os atos de palestinos terroristas são legítimos.)  A solução mais adequada parece ser a divisão dos delicados e definir quem tem o monopólio da violência em qual território, ou seja, criar um estado palestino.

Um abraço.

Álvaro Magalhães
alvaro.magalhaes@ig.com.br
 
 

<< NÃO 76 >>