Historieta Agilíssima para Grandes e Deliciosos Momentos

Jefferson Alves de Lima

jeffersonalvesdelima@hotmail.com

Ai, que o infeliz acredita em cartela premiada.

Uma pombinha lisa, 18 ano, e já entrou descarada. Passou a mão por cima da minha para segurar a alça. Passou! Ai cão de Metrô! E lá fui eu.

Eu vinha, forasteiro, dedicado aos "representantes dessa nossa urbe(?)".  Aô, mentiiiiiiiira cofcof. Falando o horror da "vida dura" e nunca um na fila do bilhete.

Só que lá foi. Ela derramou a mãozinha por cima da minha, vê? Meu amor, meu amorzinho, aummm. Vou te dizer uma coisa que é quase cronometrável: nossa vidinha urbana não tem nada dessa dorzinha solitária no Hotel Denver, acredita? (e esse perfume de roupa tirada da gavetinha, aummmm) Não faz assim que eu legitimo a fartura da televisão, doce. Fui, né? Não vai me deixar sossegado, que eu sei.

E olha que, vigarice, eu não guardo o rojão em bolso de calça, entende? Mas inventei de por pressão no joelhinho para ver se não era questão do meu amor demais a oferecer. Ai ui. Que aí fiquei entregue.

Deu uma tremidinha no lugar. No lugar. A resposta foi no lugar, ah! Diz para mim, assim: já me ama? Também acho que é no Hotel Denver que faz morada a beleza brasileira, sabia?

E ela tinha uma franjinha que caía até o ombro branquinho. Quanto? Fala, que eu já me preparo para o soprinho da Ovelinha Sagrada. Quanto ano? 18 aninhos, né? Já lhe batizaram *A Chegada da Primavera*? Mas é, sim, viu? Ui que é.

E essa bermudinha da ginástica? Ui, que isso é, ui, é puro sacolejar. Ai, desgraçado que sou. Posso fazer um pedidinho, Superior? Assim, é, murcha com a boca amarrando quem inventou esse negócio de carro coletivo.

Mas não presto e existo. Chego pouquinho ainda mais para lá, percebeu? Vou morrer disso, ué. E da carraspana. Sabe que é, primavera, é que queria a sintaxe do nenezinho: rouquinho, rouquinho e luminoso.

Mas me deixa por dentro: marquinha do biquíni? Ai, esconde. Esconde, sim. Ai que eu vou. Não me seguro nem mais nada, esposinha. Vamos ser honestos nós dois aqui, ó: esposinha e esposinho, tá? "Você fez a escolinha do teatro?". "Oi?". "Ahmm, ahmm, é, você lembra, sabe, a atriz do vaudeville". "Não, não, não, não", um atrás do outro. É, duro, mas é só dor esse meu amor pelo Brasil.