Primeiro. achei que seria interessante falar sobre um lugar-comum do jornalismo cultural da província: a nova cena cultural, a nova leva de artistas, os novos escritores gaúchos. São manchetes que propõem um constante processo de renovação que não se pesa senão pelo novo.

Ponto dois. Há a morte do Brizola e os 50 anos do suicídio de Getúlio que motivam uma série de discussões e retrospectivas. Uma em especial chama atenção pelo caráter itinerante e pelos seus objetivos. Trata-se do Brasil dos Gaúchos que teve sua primeira edição em agosto no Rio de Janeiro e que no próximo ano deve percorrer outras capitais brasileiras. Um dos principais motes da mostra é atualizar a imagem do gaúcho.

1+2. Até que ponto este ser-gaúcho interessa ou diz alguma coisa a respeito dos novos artistas daqui? Se essa pergunta faz sentido ou NÃO: quais as novidades que os atuais produtores de cultura trazem?

Noutra instância, ao falar sobre uma recente antologia de contos brasilienses, um resenhista descreve o mercado editorial gaúcho como exemplar: autores que escrevem para leitores daqui, numa auto-suficiência que supriria a falta de espaço para a nossa cultura no centro do país. Por fim ele anota, admirado: “é como se o resto do país não existisse”. Quer dizer, o RS ainda carrega uma pecha separatista, embora como exemplo de sobrevivência cultural.

Por outro lado, o mesmo Brasil dos Gaúchos que pretende renovar a imagem do estado, é criticado por Allan Sieber pela falta de representação de artistas mais atuais como Júpiter Maçã – que também não é nenhum estreante, e faz pensar até que ponto os novos artistas são absorvidos, aceitos, consumidos ou mesmo representativos daqui.

Paralelo a isso, a organização do evento já pensa em levar expressões mais recentes nas próximas edições. Inclusive, se cogita a participação de setores da moda (afinal, outra expressão cultural desprestigiada) no evento. No fim, parece que a questão é muito parecida com aquela música do Noel Rosa: Com que roupa eu vou...

Buenas, tem editor, tem assunto e tem prazo: dia 12, que é pra discutir bastante antes do 20 de setembro.
 

Giuseppe Zani
giuseppe_zani@yahoo.com.br
 

P.S. algumas abordagens mais articuladas que podem servir de ponto de partida pra discussão: Nós, os gaúchos, Editora da UFRGS, 1992 + Estética do Frio