EDITORIAL b r
e v e
que ninguém tem saco pra ler editorial* |
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Ia fazer uma certa autocrítica
a respeito da minha falta de carisma pessoal, para tentar justificar o
pequeno número de textos deste NÃO-80. No entanto, prefiro
pensar que fui exigente no tema e que foram poucos os que toparam o debate.
A idéia era usar a mostra itinerante do “O Brasil dos Gaúchos” (que se realizou no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro) como ponto de partida para discutir a imagem que o gaúcho. Aproveitando, também, uma série de ensejos, como o aniversário de 50 anos da morte de Getúlio Vargas, a morte do Brizola, as cinqüenta edições da Feira do Livro de Porto Alegre, entre outras efemérides (só no mês de setembro há a data da independência nacional e a Revolução Farroupilha), para rever aquilo que no jornalismo da província costuma se batizar como a nova cena/geração/safra etc. Enfim, aquela eterna renovação de que vive o noticiário cultural, para entender o que de fato muda na consciência que fazemos de nós mesmos. Logo nos primeiros dias recebi uma série de e-mails desfazendo da proposta, dizendo que esse bairrismo não leva a nada, que o Rio Grande do Sul tinha que admitir a sua condição de província, da sua falta de expressão econômica, que essa mania de se achar melhor que os outros não passava de complexo de inferioridade disfarçado e que eu devia arranjar algo melhor pra fazer, de repente montar um CTG. Concordo com boa parte das idéias, a proposta era justamente abrir espaço pra expressar esses pontos de vista, desde que articulados, num espaço que permitisse a expressão de argumentos contrários, não simplesmente gritar isso, desmerecer a proposta e encerrar o debate. Alguns outros chegaram a trocar algumas idéias por e-mail, como é o caso do escritor Amilcar Bettega Barbosa. – Pra ele, a questão da relativa auto-suficiência em termos de produtos culturais no Estado é fantasiosa, porque o artista sempre vai procurar dar maior visibilidade ao seu trabalho. – Mas pararam nas correspondências. E tentar reproduzir argumentos que não chegaram a ser aprofundados, ia me fazer parecer com um desses titeriteiros ventríloquos. Por fim, entre os corajosos e persistentes,
dá pra se destacar pelo menos dois grupos. No primeiro, sobre a
renovação cinematográfica (ou audiovisual, num sentido
mais amplo), há pelo menos duas abordagens interessantes de quem
está participando do processo, além de um esboço de
gramática dramatúrgica pelo Carlos Gerbase. Outro grupo é
o dos gaúchos exilados. Dizem que, na distância, a gente se
reconhece melhor, e de certa forma esse material reflete isso. Mais do
que olhar pro Estado, essas pessoas voltaram o olhar pra si mesmas, numa
espécie de autocrítica da personagem do gaúcho que
na maioria das vezes a gente veste sem saber.
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*giuseppe_zani
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