EDITORIAL
por Cesar Brod
cesar@brod.com.br

De dois anos para cá vimos, como nunca antes nesse país (hmm, alguém já usou essa frase!), a tecnologia seguir invadindo a nossa vida. Salvo as exceções de sempre, aqueles que nunca têm acesso à nada mesmo, todo o resto da população brasileira tem celular e não há menor de idade que não tenha MP3 player e acesso à computador. Pode esquecer a proteção aos direitos digitais, já que a cópia de músicas, filmes e seriados de TV é, na prática, tão liberada e descontrolada quanto a venda de crack em Porto Alegre. Até o Big Brother saiu da rede Globo para ganhar o Youtube, através do qual todos ficamos, democraticamente, sabendo que a gaúcha Natália Cassassola já deu o fiofó. É dela, ela dá pra quem quer! Mas o importante mesmo é a relevância desse tipo de informação em nossas vidas.

Todos nós lemos blogs e, em breve, todos nós teremos blogs nos quais poderemos falar o que quisermos, para quem quiser ler, ouvir ou ver. Cada webcam estará ligada permanentemente em todos os computadores e nós mesmos faremos parte de um grande, voluntário, Big Brother! Com a vantagem de que não haverá UM Big Brother mas, sim, um coletivo de olhares que definirão a nossa nova vida pública. É o fim do privado!

Precisamos, logo, fazer com que computadores e a internet cheguem a todas as minorias! É o melhor jeito de fazer com que as minorias façam parte da maioria, os conectados! O MST pode não ter terra, mas é inconcebível imaginá-lo sem Internet! Por favor, mais webcams para os índios e quilombolas!

Ah, e como não poderia deixar de ser, temos que nos unir em um esforço global para a doação de óvulos e espermatozóides em quantidade suficiente para gerar zilhões de embriões para a produção das milagrosas células-tronco. Já deve ser possível comprar o "kit caseiro" pelo Polishop para fazer embriões em casa. Isso vai dar mais dinheiro do que plantar cogumelos, pimenta-de-bico, ou criar codornas!

Pois é! Taí o Não 83! Depois de um hiato de dois anos e uns dias, justamente para provocar e discutir se ainda é possível existir a contracultura quando tudo o que cai na net é big fish no mainstream. É mesmo? Boa leitura!

Cesar Brod
brodtec.com

PS - Danke shoen! Viele küsse pra Joice Käfer, minha sócia show de bola, que editou as páginas deste Não 83 enquanto eu desbravava o pomar de bergamotas do Hospital Marques de Souza!

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