Três poemas por Mário Fontanive *** Esperam fogo, busco apagar as cinzas, jurar o dia, os minutos são muitos, observam leis, como cortar o pão, como voltar, cuidam de maneiras de perder o tempo, de girar a chave, abrir a porta, partir, pisar em pedrinhas, em um jogo de outros, na velocidade dos corpos, assim surge a lua, de mãos estrangeiras que carregam os frutos e os sonhos dos deuses. *** Nota sobre o uso do silêncio Na margem dourada, nas linhas de um rio, no fruto que espera, uma lenta expansão no silêncio. Não há a tua ausência não há o anúncio breve entre imagens, há palavras mudas. Te mostras assim? Súbito vento, como te mostras? Assim, nas cinzas da noite, num jogo de pregos, na chegada ao coração dos dias. *** Não haverá resposta, não haverá. Quando cidade se inclina sobre a terra seca, sobre o incêndio lento a palavra queima com o sol. Cúmplices das estiagens, chegaremos mudos à sombra da lei morta, ao inverno da invasão do silêncio. |
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