O
vinho e o fim do mundo me deram uma certa urgência por Janaína Fischer * Este texto foi criado para uma "live dramática" que aconteceu via instagram em 21 de julho de 2020. A leitura teve as brilhantes atuações de Martha Nowill e Milhem Cortaz e está disponível no igtv @marthanowill. |
||
|
||
Numa
cidade grande do Brasil, em junho de 2020. Noite. Manuela,
35 anos, olha para fora da janela do prédio onde mora,
sétimo andar, grita. MANUELA - Aaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhh!!! Ela respira fundo, sorri, parece aliviada. Se prepara para fechar a janela. RODRIGO - Ei! Moça! Manuela olha para baixo. RODRIGO, 35 anos, olha para cima. Pela janela do mesmo prédio, quinto andar. MANUELA (desconfiada)- Oi? RODRIGO - Tá tudo bem? MANUELA - A gente se conhece? RODRIGO - Ahm, acho que não. Mudei há pouco. Rodrigo. MANUELA - Manuela. RODRIGO - Legal. E... tá tudo bem? MANUELA - Você fala isso por que eu gritei? RODRIGO - É... em geral a galera grita "Fora genocida!", você foi original. MANUELA - Ah, eu tava precisando. Tava com uma angústia, assim, aqui no peito, mas passou já. RODRIGO - Jura? Passou? Vou tentar também, posso copiar? MANUELA - À vontade. Rodrigo toma ar. Ameaça começar o grito. Desiste. RODRIGO - Tenho vergonha. MANUELA - Jura? Rodrigo fica olhando para Manuela. RODRIGO - Será que você podia... MANUELA - O quê? Ele faz um sinal indicando que ela não esteja na janela. MANUELA - Ah, você quer gritar sozinho? RODRIGO - Se você não se importar... MANUELA - Nunca tinha levado um fora pela janela, mas ok. Manuela recua. RODRIGO - Não é um fora, ei! Silêncio. RODRIGO (grita) - Manuela! MANUELA (de dentro de casa, falando bem alto) - Vai, aproveita que eu não tô olhando! RODRIGO (bem alto) - Gritar? MANUELA (ainda de dentro de casa)- É, você já tá inclusive fazendo isso! RODRIGO - Hahahaha. Tá! Silêncio. MANUELA - Você não v/ RODRIGO (interrompendo)- Aaaaaaaaaaaa porraaaaaaaaaa! Fora presidente de merda! Fora, genocida, filhadaputaaaaaa! Manuela olha para baixo, aplaudindo. RODRIGO (falando muito alto)- Você achou bom? MANUELA (num tom mais baixo) - Acho que agora a gente pode falar mais baixo. RODRIGO - Boa. Silêncio. MANUELA - Tá ficando tarde, né? RODRIGO - Pra que? Pra ser feliz? MANUELA -Hehe, eu tava falando de tarde mesmo, a noite e tal. RODRIGO - Ah, vamos continuar conversando, vai. MANUELA - Aqui? Pela janela? RODRIGO - Quer me dar seu telefone? Ela fica encabulada. MANUELA - Nunca tinham me pedido o telefone pela janela. RODRIGO - Oi? MANUELA - Nada. Peraí, vou anotar num papel. Manuela anota o número num papelzinho, amarra num cordão e joga pela janela. Rodrigo pega o papelzinho. RODRIGO - Quantas vezes por dia você joga seu telefone pela janela? MANUELA - Ah, por causa da cordinha? É que eu jogo a chave quando tem visita, pra não precisar descer. Rodrigo mostra seu celular. RODRIGO - Acho que seu telefone tá tocando! Manuela olha para dentro, vê o celular tocando, abana para Rodrigo e entra. Os dois ao telefone. MANUELA - (fingindo não saber) - Alô? Quem fala? RODRIGO - (entrando na brincadeira)- Oi, aqui é seu vizinho Rodrigo, do 501, você teria açúcar pra emprestar? MANUELA - Oi, Rodrigo... tenho açúcar mascavo e de coco, qual você prefere? RODRIGO - Nossa, eu nunca soube que havia algum açúcar além do normal. MANUELA - Defina normal. RODRIGO - Você tá falando sério? MANUELA - Sério sobre definir normal ou sério sobre existir vários tipos de açúcar? Rodrigo sorri. MANUELA - Alô? RODRIGO - Não, é que eu tô sorrindo aqui. É bom conversar com você. Manuela sorri. RODRIGO - Você tá sorrindo ou desligou? MANUELA - Sorrindo. RODRIGO - Eu tava achando melhor falar com você te enxergando. MANUELA - Putz, eu sei, mas, na boa, eu não aguento mais vídeo chamada. RODRIGO - Entendi. Você faz muita vídeo chamada? MANUELA - Todo dia. RODRIGO - Uau. MANUELA - Na janela também é um pouco bizarro conversar, você já reparou no cara que mora em frente? É mais ou menos na altura do seu apartamento, eu acho ele bem estranho. RODRIGO - O do roupão vermelho? Bizarro porque você não enxerga a parede do fundo da sala. É MUITO bizarro. Ele tem um quadro meio/ MANUELA (interrompe)- Na escada! RODRIGO - O quê? MANUELA - A gente pode conversar na escada do prédio. A gente se enxerga, não é vídeo chamada e o roupão vermelho não vai nos ver. RODRIGO - Ótima ideia, você pensa rápido. MANUELA - Te encontro em 5 minutos. Bei/ RODRIGO - (interrompe)- Peraí, peraí: tem que ir de máscara? MANUELA - Com certeza. RODRIGO - É, se a síndica vê pelas câmeras... MANUELA - Exato. RODRIGO - Putz. Tá, em 5. Desligam. Escadaria do prédio. Manuela e Rodrigo de máscaras. Ela descendo do sétimo andar, ele subindo do quinto. Ainda não se viram. MANUELA - Onde você tá? RODRIGO - Entre o 5 e o 6. MANUELA - Tá, sobe até o 6 que tá vazio, eu fico no meio entre o 6 e o 7. RODRIGO - Tá. Eles se enxergam. Um lance de escadas os separa. Ele abana, meio constrangido. RODRIGO - Oi. MANUELA - Oi. RODRIGO - Estranho, né? MANUELA - Negócio de máscara? RODRIGO - É, meio tudo. MANUELA - O mundo assim, você diz? RODRIGO - Oi? MANUELA - Você tá falando estranho o mundo em geral, ou a gente, ou sei lá? Rodrigo tira a máscara. RODRIGO - Na boa, foda-se a síndica, eu não escuto de máscara. Manuela tira a dela também, rindo. MANUELA - A sua máscara tapa o ouvido, é? RODRIGO - Você tem um sorriso lindo. MANUELA - Obrigada. Silêncio. MANUELA - Olha só, eu preciso te falar um negócio... RODRIGO - Você tem namorado, né? MANUELA - Como você sabe? RODRIGO - Eu já tinha visto a sua cordinha pela janela e já tinha reparado no cara que pega a chave lá embaixo. Nenhum irmão visita a irmã assim tantas vezes. MANUELA - Ah, pode ser um irmão bem próximo. RODRIGO - Mas não é, né? MANUELA - Não. Eu nem tenho irmão. RODRIGO - Beleza. Silêncio. RODRIGO - E por que é que ele não tem a chave? MANUELA - Daqui? Ah, porque é a minha casa. Eu não tenho a chave dele também. É assim. RODRIGO - Entendi. MANUELA - E você? RODRIGO - Também não tenho a sua chave. Manuela sorri. MANUELA - Isso eu sei. RODRIGO - Não tenho a chave de ninguém. Quer dizer, tenho, da minha mãe. Mas, assim, quero dizer que não tenho ninguém que eu pudesse ter a chave mas não tenho porque cada um tem sua casa. MANUELA - Você trabalha com o quê? RODRIGO - Sou professor. De criança. MANUELA - Que bonitinho. RODRIGO - Bonitinho e pobre. MANUELA - Eu sei quanto você paga de aluguel, é igual ao meu. Eu sou personal, personal trainner, mesmo você não tendo perguntado. RODRIGO - Eu ia perguntar, mas não deu tempo. MANUELA - Normal. Eu sempre falo antes das pessoas perguntarem as coisas. Falei que tinha namorado e nem era esse o assunto. RODRIGO - Tudo bem. Por isso que você come açúcar diferentão? MANUELA - Hein? RODRIGO - Porque você é personal. MANUELA - Ahhh. Não, sei lá, pode ser. Mas eu como de tudo. RODRIGO - E bebe? MANUELA - Opa. RODRIGO - Já que a gente tá sem máscara, pensei em pegar um vinho ali em casa. MANUELA - Não sei. Eu... Manuela olha o celular. RODRIGO - Ele vai vir aí? MANUELA - Não, a gente tá separado na quarentena. Ele tem uma mãe muito velhinha. RODRIGO - Sei. MANUELA - Mas acho que ele vai ligar. Com vídeo. RODRIGO - E vai ser estranho ele ver você aqui na escada comigo. MANUELA - Vai. RODRIGO - Pô, prazer, então, Manu. É Manu? MANUELA - É sim. Prazer também... Rô? RODRIGO - Prefiro Rodrigo mesmo. MANUELA - Tá. RODRIGO - Então... MANUELA - Até mais. RODRIGO - Só uma coisa. MANUELA - Fala. RODRIGO - Aquele grito que você deu... tinha acontecido alguma coisa? MANUELA - Ah, coisa da minha cabeça. O celular de Manuela toca. MANUELA - Preciso ir. RODRIGO - Amanhã você me conta. MANUELA - Amanhã? RODRIGO - Acha uma boa? MANUELA - Mesma hora, mesmo local? RODRIGO - Malbec ou Cabernet? MANUELA - Pra pobre você até que tá rico. Preciso ir, pode escolher. Manuela abana para ele, sobe a escada, já atendendo o telefone. MANUELA (ao telefone)- Alô...? Noite seguinte, na escadaria do prédio. Rodrigo está na escada, duas taças de vinho na mão, olhando na direção do andar de cima. Uma taça de vinho está mais vazia do que a outra. Ele bebe mais um gole da taça com menos vinho. Rodrigo deixa uma das taças no degrau, pega o celular, grava um áudio. RODRIGO - Ahmmm... oi, Manu. É... Eu meio que levei à sério que a gente ia se ver hoje, mas acho que nada a ver, né? Viajei, né? Meus alunos falam que eu viajo demais. Bom, espero que você esteja bem. Não gritou pela janela hoje, deve estar bem. Brincadeirinha. Bom, vou tomar o Malbec em casa. Qualquer coisa, grita. Quer dizer, não grita. Enfim, sei lá. Beijo. Ele termina de gravar a mensagem, envia. Não parece muito satisfeito com o que disse. Vai para casa. Apartamento de Manuela, noite seguinte. Ela grava uma mensagem de áudio no celular. MANUELA - Oi, Rô...drigo. Rodrigo. Nossa, desculpa, eu deixei você super na mão ontem, que vergonha. É que eu... eu to meio com medo. Medo de um montão de coisas, mas enfim... você tem planos pra hoje? Abre a sua porta, deixei um vinho aí. Beijo. Ah, o roupão vermelho hoje tava dançando, você viu? Até dei uma animada. Beijo. Ela termina de gravar a mensagem, vai até a janela, olha para baixo. Manuela olha-se no espelho, arruma o cabelo, seu celular toca, ela vê quem é. Sorri. Atende. MANUELA - Achei que não ia mais falar comigo. RODRIGO - Eu achei isso antes. Ontem, pra ser mais exato. MANUELA - Encontrou o vinho? RODRIGO - Nada. Acho que a síndica pegou. MANUELA - Mentira? RODRIGO - Mentira, sim. Tá aqui. Manuela sorri. MANUELA - Gostou? Já abriu? RODRIGO - Tô esperando você. Silêncio. RODRIGO - Pensei uma coisa. MANUELA - Fala. RODRIGO - Eu posso cozinhar de porta aberta e você fica no corredor. A gente mantém o distanciamento social e janta juntos. MANUELA - Depende... RODRIGO - Do que? MANUELA - O que você vai cozinhar? RODRIGO - Surpresa. Te espero em 5. Porta do apartamento de Rodrigo. Manuela com uma taça de vinho, do lado de fora. Rodrigo, na cozinha, corta os ingredientes sobre a bancada da pia. MANUELA - Você achou estranho eu trazer a minha própria taça? RODRIGO - Não. Não neste mundo da pandemia. Sim, no mundo normal. MANUELA - Defina normal. RODRIGO - Ah, agora é "novo normal" que fala, né? Mas eu tava falando do "antigo normal". Aquele em que duas pessoas tomam vinho dentro da casa, bem pertinho e sem medo. MANUELA - Foda, né? Será que não vai mais ser assim? RODRIGO - Ah, acho que depois da vacina. MANUELA - Daqui um ano... RODRIGO - Caramba, um ano sem você entrar na minha casa? MANUELA - Eu nunca entrei. RODRIGO - Mas tá com o pezinho aí quase dentro, ó. MANUELA - Vish, será que eu tô perto demais? RODRIGO - Você tá com sapato de rua ou de casa? MANUELA - De casa. RODRIGO - Então tudo bem. MANUELA - Mas eu caminhei nas escadas, que acho mais seguras que o elevador. Só que outras pessoas também caminham por aqui, né? Vou ter que desinfetar o chinelo quando subir. Será que eu tenho que lavar essa roupa também? RODRIGO - Não. Imagina. Você é tipo paranóica? MANUELA - Por que você tá falando isso? Tenho cara de paranóica? RODRIGO - Não, claro que não. Desculpe. Eu quis dizer só se você era daquelas pessoas que piraram com esse negócio da higienização e tal. MANUELA - Piraram, não. Eu sou uma pessoa que segue as recomendações da OMS. RODRIGO - Beleza, não tá mais aqui quem falou. MANUELA - Por isso que eu não apareci ontem. Rodrigo se aproxima de Manuela. RODRIGO - Você ficou com medo de chegar muito perto? MANUELA - E de querer chegar ainda mais perto. RODRIGO - Foi um medo bom ou medo ruim? MANUELA - E existe isso? Mentira, eu sei que existe. Foi bom. E ruim. RODRIGO - Bom porque você queria me ver e ruim por causa do carinha que não tem a sua chave? MANUELA - Você tá bem direto hoje, né? É o vinho? RODRIGO - O vinho e o fim do mundo me deram uma certa urgência. MANUELA - Viu? Exatamente o que aconteceu comigo naquele dia, por isso eu gritei na janela. RODRIGO - Porque você tava tomando vinho e lembrou do fim do mundo? MANUELA - É, sabe? Agonia, fim do mundo, vontade, pandemia, urgência, solidão e acho que falta de vinho. RODRIGO - Essa parte a gente já corrigiu. MANUELA - Aquela noite eu tinha brigado com o Antonio. Antonio é o meu namora/, quer dizer, agora ex-namorado. RODRIGO - Opa. Eu meio que gostei disso. MANUELA - Pois é, e aí você apareceu. E foi foda, sabe? Eu achei bom, achei interessante, fiquei com vontade, mas... como alguém pode se sentir feliz no meio deste caos? Como? RODRIGO - Você acha que não pode? MANUELA - Cara, o Brasil tá no mais fundo dos buracos, só notícia ruim, cada dia pior. Não melhora nunca, não passa, não acaba. Subnotificação, desgoverno, fim de namoro, falta de ministro, falta de noção. E aí eu ia brincar de achar a vida boa? Não acho certo. RODRIGO - E meus alunos que não têm internet? E os que não recebem merenda? E nós, professores, a gente já sofre o ano inteiro, todos os anos inteiros, agora então é cada um se virando do jeito que dá, tendo que se reiventar sem nenhum incentivo, quase sem força? MANUELA - É disso que eu estou falando. Como achar a vida boa? Não consigo. RODRIGO - Claro que consegue. Precisa. É o único jeito. Eu ouvi seu grito aquele dia. Pensa naquilo como uma libertação, como uma abertura de portal. MANUELA - Gostei dessa ideia. RODRIGO - Ali eu e você, a gente entrou numa nova dimensão, essa que a gente tá agora, que tal? MANUELA - Não dá. RODRIGO - Você tem medo de contaminação? MANUELA - Exato. RODRIGO - Bom, por enquanto estamos a salvo. Ó, aqui tem 1 metro e meio. MANUELA - É muito louco tudo isso. Uma amiga tava me falando que vão chamar o "antigo normal" sabe de quê? "Era Presencial". RODRIGO - Caralho. MANUELA - Forte isso, né? RODRIGO - Me senti meio um mastodonte na era do gelo. MANUELA - Fico imaginando os programas de tevê: "na era presencial, homo sapiens adultos encontravam-se, sem máscara, e beijavam-se normalmente..." Rodrigo chega perto de Manuela. RODRIGO - Beijavam-se? MANUELA - Na era presencial beijavam-se. RODRIGO - Olha, Manu, eu... caramba. Eu tô muito a fim de beijar você. Agora, na era não presencial. MANUELA - Impossível. RODRIGO - Sério? Achei que você ia dizer "vamos nessa, foda-se a OMS!". MANUELA - Eu nunca vou dizer foda-se a OMS. Eu amo a OMS. Eu já encomendei uma camiseta do Tedros Adhanom. Rodrigo ri. RODRIGO - Tá me dando mais vontade ainda de beijar você. Para de ser legal e engraçada e linda, pode ser? MANUELA - Impossível. RODRIGO - Vamos tentar calcular nosso risco cientificamente. MANUELA - Tedros iria gostar disso. RODRIGO - Há quanto tempo você está sem sair de casa? MANUELA - 3 meses, só saio para ir no mercado. RODRIGO - Eu também. MANUELA - Em qual mercado você vai? RODRIGO - Na esquina aqui. MANUELA - Mentira, no Macedinho? Eles não usam nem máscara! RODRIGO - Usam, sim, até aquele escudo transparente já tem lá. MANUELA - Sério? RODRIGO - Sério. Você vai naquele caro ali de baixo? Tá doida, sou professor, lembra? MANUELA - Eles jogam álcool gel na gente na entrada, é lindo de ver. Tem até tapete desbacterizante. RODRIGO - Com isso, minha pesquisa científica demonstrou que sua confiança sanitária em mim acaba de cair consideravelmente. MANUELA - Confiança sanitária? RODRIGO - Inventei agora. MANUELA - Não, mas se você tá me dizendo que no Macedinho tem até face shield eu fico mais tranquila... RODRIGO - Se você tirar seu chinelo infectado pelo corredor do prédio e quiser dar um passo aqui dentro, poderá ver o lindo varal de sacolas plásticas higienizadas. Manuela entra. MANUELA - Nossa, que lindo... Eu tenho meio um tesão com varal organizado. Rodrigo se aproxima de Manuela. RODRIGO - Subi na sua confiança sanitária? MANUELA - Subiu. RODRIGO - E agora que você já está aqui dentro... Ela está quase cedendo. MANUELA - Peraí. Acho que a gente precisa de mais dados científicos... Quantos frascos de álcool gel você tem em casa? RODRIGO - Um grande, um pequeno de bolso e dois 70% líquido. MANUELA - Gostei... RODRIGO - Higienizo legumes e frutas com água sanitária dissolvida, depois mergulho tudo na água com vinagre para tirar o cheiro. MANUELA - Tô ficando arrepiada... fala mais... RODRIGO - E isso que eu vi um tweet da OMS falando que nem precisa lavar tudo tanto assim. MANUELA (apaixonada) - Você segue a OMS no twitter? RODRIGO - Sigo... MANUELA - Acho que eu não vou resistir... RODRIGO - E lavo as mãos com água e sabão 7 vezes ao dia, cada vez por 20 segundos e imitando a voz do Tedros. MANUELA - Assim você me mata... RODRIGO - Vou falar no seu ouvido. Rodrigo se aproxima do ouvido de Manuela. RODRIGO - (cochichando, com o sotaque do Tedros)- Manuela, you are a beautiful woman. Don't worry about the virus, my dear. We are safe here. Please, kiss me. I hate Bolsonaro. Kiss me, Manuela. Fim. |
||
|