ASSUNTO: AINDA ISSO, QUE SACO
Data: 24 de dezembro de 1999
Carlos Moreira, caríssimo Carlos. Você realmente anda precisando de um chope para descontrair. Pessoal que se leva a sério? Clarargh (boa, boa) Averbuck e companhia? Ei, eu não lidero um grupo de garotas com dor-de-cotovelo que pretende atacar a Casa de Cinema munidas de panelas porque o Jorge falou mal de seus textinhos. E eu, definitivamente, não me levo a sério faz algum tempo. Minha intenção evocando "velhos estereótipos" (ai, ai) foi exatamente soar tão sexista quanto o Jorge, se você não percebeu. Sim, mulher bebe. Mulher gosta de (ugh) futebol. Mulher enxuga. Que saco. Parafraseando o Jorge: "era pra ser engraçado, desculpe". Eu não me ofendi com a crítica do Jorge, apenas a respondi no mesmo teor. Isso já está mais do que resolvido pra mim. Eu não pretendia soar como uma jovem batalhadora e independente que lê nova cosmopolitan e acha que os homens são todos uns canalhas sexistas, mas parece que foi isso que aconteceu. Essa história de queimar sutiãs já passou, companheiro. Leia minha carta de novo. Quanto aos textos: não gosta, não leia. É muito simples. Ou então, reclame com os editores para que eles nem publiquem. E se você quer saber, minha avó é, sim, bem saradinha. Devo escrever sobre ela no Não 69? Clarah
ASSUNTO: MENSAGEM PRO 2000
DATA: 20 de dezembro de 1999
NÃO dá pra acreditar que a última NÃO será a última do Milênio. NÃO creio que NÃO haverá nem tentativas de classificar, agrupar, categorizar, hierarquizar, arranjar sistematicamente ou somente ordenar os melhores, os maiores, os piores e menores do Milênio. Como se vive sem ter em casa todas as listas e rankings dos melhores e maiores e piores e menores pessoas e fatos e músicas e filmes e fotos e livros e revistas e ensaios e quadros e peças e tudo mais que foi ou NÃO notícia ou fiasco no Milênio? E fica-se então meio a mercê de escritores, jornalistas, críticos, editores, cientistas e mais todos que mexem com palavra escrita prá nos dizer que nossas vidas fazem parte de alguma classe ou se contamos algo para o ano, a década e agora também para o Milênio.
Talvez estejamos em alguma lista, quem sabe, pois nesta Idade da Internet tudo é possível e então teremos o prazer de constatar que tudo valeu a pena, mesmo a rápida e ensandecida vida que levamos pra deixar marcas e NÃO mais só fazer parte da absoluta maioria que NÃO está entre os melhores do Milênio.
Com muita sorte você NÃO liga a mínima prá estas contagens tão relativas, frutos de sistemas criados pra nos manter sob padrões, controlados e pelo menos tentando entrar em listas e filas, sempre. É quase véspera da virada e ainda temos controle sob nós mesmos, ainda NÃO fomos engolidos por nenhuma loja de departamentos, nossos computadores NÃO nos tomaram como reféns e no final das contas Kubrick estava mais certo quando falou de amor. Danem-se os céticos painéis do futuro: pra cada era um monstro e prá acabar com ele um exército de seis bilhões!
Ufa, falei tudo! (Muita bobagem?!)
Feliz Ano 2000 e que TODOS os bons sonhos se realizem!
Tatiana Mora Kuplich
tmk@soton.ac.uk
ASSUNTO: NIHILISTAS DE TODAS AS LATITUDES
DATA: 20 de dezembro de 1999
Talvez, até pela incoerência em festejar o que não temos - nós, a humanidade - o Natal nos pareça difícil de comemorar.
Não temos a paz, a saúde e a prosperidade que desejamos nos cartões coloridos. Deixamos de ter a esperança ideal, a cada vez que a violência, a ganância e o desamor nos são esfregados na cara. Perdemos a alegria infantil de aguardar um presente, a cada bomba que explode com a dignidade das pessoas; na corrupção das mentes e dos corações. Perseguimos sonhos impossíveis, até para sobrevivermos à sombra das verdades que nos incomodam. Deixamos de ser mais humanos, quando sofremos injustamente e permitimos que nos explorem e humilhem. Passamos todo tipo de fome. O pão, a justiça e a beleza nos são negados, trocados pela inanição de tudo o que nos faria crescer. Rasgamos os tratados de amizade e civilidade, a cada desaforo e a cada traição que praticamos; sempre justificados por nosso senso de "sobrevivência". Caímos no mais fundo dos poços: o da degradação; a cada semelhante que corrompemos, com atos ou palavras, promessas ou subornos. Odiamos nossas próprias faces, refletidas nos rostos que consideramos diferentes demais para serem chamados de irmãos. Consumimos nossa própria condição racional, ao arrasarmos nações inteiras com nossa intolerância às suas formas de viver e se manifestar. Negamos a qualquer um o direito de discordar, de divergir, de opinar, de se expressar, de calar, de consentir, de gostar ou não, de aderir, de amar, de sentir...
Somos feitos de matéria insondável, forjados a carne, sangue e lágrimas; criados perfeitos e tornados medíocres por nossa própria opção.
E assim mesmo Ele vem, manso e desarmado, nascer na mesma pobreza gloriosa. Só por que ainda nos dá, uma imperdível vez mais, a chance de sermos o que a Vida quis que fôssemos: mulheres e homens de fé.
FELIZ NATAL e ÓTIMO 2000!
J. Olímpio
jolimpio@osaldaterra.co m.br
ASSUNTO: NÃO 68
DATA: 19 de dezembro de 1999
Parabéns à Clarah pelo Não 68. Apesar do layout estar meio sem graça, foi uma boa seleção de textos. Aliás, essa garota promete. E por falar nisso, Gerbase, onde foram parar as garotas que dizem não? Que tal a própria Clara como próxima nãozete? Mandei a sugestão para ela, que me respondeu "digo não, amiguinho, mas não saio tirando a roupa por aí. Não." Dêem um jeito. Paulo
ASSUNTO: ACM
DATA: 19 de dezembro de 1999
Prezado Jorge: Só hoje, 19/12/99 li teus textos de maio de "NÃO" que o meu filho Leandro buscou navegando na Internet. Não tenho elementos a acrescentar sobre o ACM (Antônio Carlos Magalhães) para adicionar ao teu dossier, mas concordo em gênero e número sobre a necessidade de se reavaliar a ação comunicativa que nos é imposta acriticamente na mídia e, por alguns desacertos comunicacionais da esquerda, que, aliás, não é só dela. O que me preocupa é que a consciência crítica fundamental a uma verdadeira cidadania continua adormecida e embalada "em berço esplêndido" para muitos, talvez mais para a grande maioria. E ainda: que esta racionalidade manipulativa (como diria Habermas) se agregue e contribua para a baixa auto-estima de nós, brasileiros. Para explicitar melhor o que quero dizer, encaminho-te em anexo um artigo meu de 1996, para os teus comentários, se quiseres ou julgares oportunos. Sorte, sucesso, perseverança e garra em 2000! Zilá Mesquita
ASSUNTO: ROMANCERIAS
DATA: 19 de dezembro de 1999
Sei que estou entrando um pouco atrasado na polêmica das romancerias, romancias, romanças ou o que quer seja aquilo, mas ao ler as cartas percebi o barulho que a crítica do Jorge provocou e não deu pra ficar quieto, pois, pelo que vi, só se manifestaram os ofendidos, os muristas e os pseudo-cabeças-policamente-bem-pensantes. Numa revista eletrônica que tanto tem feito por sua irreverência, esse pessoal que se leva a sério - e pior, escreve se levando a sério - está em descompasso, e não simplesmente apresentando um contraponto, como poderiam imaginar. Os textos insossos de ClarARGH Averbuck e companhia eram um desastre. Masturbação semântica (ainda se tivesse uma lingüística no meio a coisa podia ficar divertida) sem cor ou interesse. E quem critica a crítica (crítica essa frase) evocando os velhos estereótipos do "chopinho com os amigos" assume a mesma postura sexista que pretensamente condenava no Jorge, cujo texto leve pelo menos era divertido. Ou será que mulher não bebe? não gosta de futebol? não enxuga? ou, se faz isso, não está tendo um comportamento "digno" na batalha pela ocupação dos espaços tanto tempo renegados por nós, torpes machos? Acho que tão precisando ocupar é uns outros espaços por aí... Só uma coisa, lembrem de uma frase do John Waters: "sexo e violência, trate de sexo ou violência. Ninguém está interessado na sua vida com a sua avó, a menos que ela seja uma halterofilista". E baixa um chope, que tanta seriedade me deixou enjoado.
ASSUNTO: Daniel Guérin
DATA: 18 de novembro de 1999
Gerbase:
Minha pesquisa na Internet foi melhor que a tua: descobri um curso que o Daniel Guérin estaria ministrando no Departamento de Ciência Política da Université Laval (Québec, Canada, http://www.pol. ulaval.ca/profs/guerin.html) no "outono de 1999" (ou seja, agora) chamado "Problèmes politiques actuels: Nouvelles tendances de la politique dans les sociétés postindustrielles". Descobri inclusive o telefone (418 656-2131, ramal 4386) e o endereço eletrônico do velho: Daniel.Guérin@po l.ulaval.ca
Pois é, mas numa outra página (http://www. iisg.nl/archives/gias/10749582.html), encontrei o seguinte texto:
Guérin, Daniel: Bio/hist.note: Born in Paris 1904, died in Paris 1988; revolutionary syndicalist, antimilitarist, journalist; published in Le Populaire, organ of the Section Française de l'Internationale Ouvrière (SFIO); active in the `Gauche révolutionnaire' tendency in the SFIO; contributed to the journal Arcadie; secretary of the Fédération Socialiste de la Seine 1938; wrote on the French Revolution and on the relation between anarchism and Marxism; travelled widely in Indo-China during the 1920s and in Hitler-Germany during the 1930s; wrote on the situation of the blacks in the USA and on the anticolonial struggles, especially concerning Algeria; active in the Front Homosexuel d'Action Révolutionnaire and in the Union des Travailleurs Communistes Libertaires.
Ou seja: o velho veado trotskista já bateu as botas lustrosas do exército vermelho há mais de 10 anos. Então quem seria o homônimo de Québec, especialista em "Politique comparée, analyse des politiques et opinion publique", graduado em Montreal em 1980 e PhD em 1996? Pelos dados, o cara deve ter a minha idade, e não deve ser nem parente do "original". Mas é uma coincidência legal.
Descobri mais: numa árvore genealógica, um terceiro Daniel Guérin (ou Guerrant) que nasceu em 5 de janeiro de 1662. Mas não consegui seguir a árvore até chegar nos dias atuais pra ver quem era bisavô de quem. Deixa pra lá.
De qualquer maneira, recomendo o Copernic 99, programinha de pesquisa na Internet que eu instalei e aprovei. Por exemplo, digitei "Carlos Gerbase" e ele encontrou 47 páginas em 1 minuto. Pra quem não tem mais nada pra fazer...
Giba Assis Brasil
giba@portoweb.com.br
(193) Maria Luíza Sá e Madureira
Assunto: EPIFANIAS
Data: 18 de novembro de 1999
Ora, como sou tola, deus meu! Como sou jovem e tola como uma borboleta. Só hoje descobri de onde surgiu o NÃO-TIL. Então, fiquei pensando que, ‘naquela’ época, vocês (os antigos do NÃO) deviam ser conhecidos como ‘aquele pessoal que faz aquele jornalizinho revoltado’. Assim, com esse mesmo jeito de que se fala ‘do pessoal do col’ e coisa e tal. Ou não. Não importa. O interessante é que a gente sempre acha que descobriu a malandragem.
Pelo que li dos primeiros exemplares, vocês eram e-xa-ta-men-te iguaizinhos a mim e toda gente que tenta fazer alguma coisa por sei lá o que, mas que não seja o que já se faz. Não pareciam muito interessados no futuro, e vencer na vida era se divertir e, de preferência, incomodar um pouco alguém.
Hoje alguns de vocês seguem incomodando, outros se tornaram pais de famílias felizes, e deve ter aqueles que nunca mais escreveram. Mas, na época, tenho certeza de que acreditavam, ainda que secreta e envergonhadamente, com aquele pudor de não acontecer e se sentir besta, que estavam criando algo que mudaria, de alguma forma, o rumo do mundo. Ou, pelo menos, desse mundinho interno de cada um que já é tão difícil fazer entortar.
Com esse mesmo jeito secreto e envergonhado, confesso que também creio. Reluto, é claro, por que é sempre mais fácil traçar uma linha reta e ir seguindo, com uma venda nos olhos para não dispersar, mas, escondida, sempre dou um jeito de espiar um pouco por uma frestinha. Quando espio, me apaixono tanto, e vejo tanto, quero e penso que posso tanto, que me dói e é melhor não pensar. E quando vejo que vocês estão aí, ainda, e que o que faziam era, de tão precário, tão loucamente singelo, me dá ao mesmo tempo uma angústia e um sorriso. Eu tenho meu computador e uma rede maluca que me publica para o mundo, tenho uma sociedade que não me reprime (tanto), tenho um governo que não me censura, tenho o que preciso prá produzir, enfim, e, no entanto, faço tão pouco, tenho preguiça, vejo tevê. E vocês que pegavam papel e caneta, quando muito uma máquina de escrever, distribuíam letras por páginas únicas e passavam adiante um pouco do que pensavam!? Me emociono, deveras.
E é isso! Resta dizer que do alto dos meus 17 anos posso me alegrar de ter epifanias quase orgásticas ao descobrir que a malandragem já foi inventada, sim, mas que deve haver alguma espécie dela ainda por descobrir. iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Maria Luíza Sá e Madureira
devlagirl@hotmail.com
Assunto: LOUÇANIAS E GARRIDICES
Data: 03 de novembro de 1999
As meninas têm toda a razão em apontar o "mau gosto" na minha crítica às "Romancias". Muita gente reclamou da grosseria. (Curiosamente, nenhum dos reclamantes tinha lido os tais textos, mas tudo bem.) Mil desculpas, garotas, era para ser engraçado.
"Mulheres há que, à rosa semelhantes, das suas louçanias* fazem gala; são gentis, elas próprias o conhecem, e sabem que outra flor não as iguala" (Gonçalves Dias)
* Atenção, nada a ver com louça! Verbete: louçania S. f. 1. Qualidade de loução. 2. Garbo, garridice, elegância.
Quem sou eu para ficar aqui deitando regras da boa escrita. Escrevam sobre o que bem entenderem, eu só xingo o que me importa. Minha prateleira está cheia de primeiros livros de jovens autores que juram ser Marcel Proust, ansiosos em dividir conosco suas súbitas e definitivas sensações de descoberta do amor, do mundo e das pa-lavras. Nada mais fácil que não lê-los.
Recebi, e agradeço, duas receitas de bolo. Agora sim!
Jorge Furtado
jfurtado@portoweb.com.br A>
Assunto: ATRASO NA PUBLICAÇÃO DAS CARTAS
Data: 30 de outubro de 1999
Primeiro foi meu computador, que está entrando (outra vez) em parafuso. Depois foram dificuldades variadas no FTP para o provedor. Mas, antes disso tudo, foi desorganização minha mesmo. De modo que peço desculpas pela demora na publicação de várias cartas. Acho que agora consegui colocar tudo em dia. Ou não? Se estiver faltando alguma coisa, gritem.
Assunto: CADUM, CADUM
Data: 29 de outubro de 1999
- Bolo de Cenoura - Ingredientes: 3 ovos, 1 e ½ colher de sopa rasa do MULTI-ADOÇANTE LOWÇUCAR ou STEVIA PLUS LOWÇUCAR, 1 xícara de chá rasa de leite desnatado morno, ¾ xícara de chá de óleo, 3 xícaras de chá rasa de farinha de trigo, 1 colher de sopa cheia de fermento em pó, 1 e ½ xícara de chá rasa de cenoura picada
Cobertura: 2 colheres de sopa rasa de NEW CHOCO LIGHT LOWÇUCAR, 1 colher de sopa rasa de margarina light, 1 xícara de café rasa de leite desnatado.
Modo de preparo: Junte os ovos com o ADOÇANTE LOWÇUCAR e bata bem. Acrescente a cenoura, o óleo, o leite desnatado e o fermento em pó. Retire o creme e coloque em um recipiente. Junte a farinha aos poucos. Misture bem. Unte uma forma com óleo e farinha de trigo e coloque a massa. Leve o bolo para assar em forno pré-aquecido por 30 minutos ou até que, ao por um palito no meio da massa, este saia limpo. Junte todos os Ingredientes da cobertura e leve ao forno para engrossar. Com ajuda de uma colher espalhe o creme sobre o bolo quente. Rendimento: 18 fatias de 60 g. Tempo de Preparo: 35 minutos.
Copiei uma receita de bolo e confesso que não vi a menor graça nisso. Sou mais os tais textos que, graças a deus, não interessam a qualquer um. Pena que não saibam apreciar o estilo quando não respeitam o conteúdo. Mas entenda-se: de um cara que se identifica com um desabafo imbecil tipo "perdi o jogo do Brasil, meu mundo caiu!" é de se imaginar que passe a tarde tomando chopinho com os colegas e falando mal de mulherzice. Antes de chegar em casa e apanhar da mulher. Enfim. Cadum, cadum.
Assunto: CARTA RESPOSTA
Data: 30 de outubro de 1999
Caro Daniel: Ao que me consta, os que vaiaram foram convidados para serem vistos e emprestarem seu pretígio à festa de inauguração de um centro pretensamente cultural. Só que, como lembrou bem o Arthur de Faria, só uns poucos foram apreciar a música, e assim como o nosso artista maior, foram desrespeitados pelos "paulistas". Se os "paulistas" tivessem ido lá pra curtir música, provavelmente aplaudiriam a bronca do nosso maior artista. Só que isto tá fora da modernidade da coisa. Ou da coisa da modernidade, sabe? Esta turma está guiada pelo retorno de mídia, por indicadores de publicidade e finaceiros. Quando o negócio é grana ou aparecer no mundo de CARAS, a estética ou o "jogo" artístico passam longe. Assim, não poderia fazer sentido que o show fosse artístico. Como os donos da casa quiseram o aval de artista... Já, em Porto Alegre, no Araújo Vianna, a coisa foi diferente (se interessar, veja o meu relato em um Não anterior, que está no índice por autor). E, como disse o Fischer, os "paulistas" podem ser de Bagé (ou de qualquer outro lugar). (Lembremos que a mesma França do Jospin e do Bourdieu, que se pretende "a luz do mundo" é a mesma em que as idéias descomplicadas do Le Pen prosperam). Por enquanto dá pra pensar e escolher.
Álvaro Magalhães
Assunto: QUE CARALHO, TEM GENTE QUE AINDA NÃO ENTENDEU NADA!!!
Data: 29 de outubro de 1999
Escrevos-lhes estas mal-traçadas linhas só pra informar ao cururu do Daniel Seiláoque que o show do João, junto com o coquetel de inauguração do Clube Caixeiral Credicard, foi só pra VIPS - Visíveis Interessados em aParecer na caraS -, e que ninguém pagou um puto pela boca livre. Mas em compensação foi visível que para muitos acabou sendo um preço muito alto ter de assistir com um mínimo de respeito ao show do Maior Brasileiro Vivo (vão me dizer que é o Pelé? O ACM? O FHC? Ou quem sabe o Walter Salles?!?! Jorjamado pelammmoooooordedeeeeuuuuusussssss!!??!!!). Damned, como diria a Clarah: Tu deve ser um paulista espiritual, ô Daniel!!!
Arthur de Faria
Assunto: CARTA AO NÃO
Data: 28 de outubro de 1999
A respeito do texto do Alvaro Magalhaes pro NAO ao vivo: sinceramente eu nao entendo porque estao se queixando tanto dos que vaiaram o Joao Gilberto e querendo classifica-los como burguesia paulista ou elite intelectual paulista. Queriam o que? Cobram 50 reais por um ingresso. Quem pode pagar um preco desses? Tem mais eh que levar vaia mesmo. Daniel Peccini
Assunto: NÃO QUALQUER COISA PARECE SIM
Data: 22 de outubro de 1999
Tremendo mau gosto do Jorge Furtado, ao comentar "Romancias". Até concordei quanto à crítica literária dos textos, mas dizer que: "...O pessoal tá sem serviço na cozinha? A roupa não acumulou no tanque? Não tá na hora de buscar a criança na escola? Ou esse mulherio escreve algo que interesse a mais de duas pessoas ou mande receitas de bolo. ", só fez ele revelar o machismo (inconsciente?) de todo intelectualóide gaúcho. O texto dele tá tão descartável quanto os objetos da crítica. E agora, com licença, que a máquina terminou de lavar a roupa (pra informação dele, que as mulheres não lavam mais roupa no tanque).
Assunto: ABATUMADO
Date: 22 de outubro de 1999
Engraçado como as opiniões divergem: recebi um calhamaço de mensagens sobre o 'Quatro da Tarde', q a bem da verdade chama-se 'Ode à Sublime Ação' e o amigo aí, Furtado [mesmo nome do meu avô, quantas boas lembranças... talvez escreva qualquer coisa] me vem com essa de receita de bolo... Ora, valha-me Nossa Senhora das Graças! O q é isso, rapaz!? Tem certeza q apreciaria mais uma receita de Nega Maluca ao texto de Ariela Boaventura? Nem vou falar dos meus idílios aqui porque não cabe, mas tem muita coisa boa no 'Romancias', mesmo q egotrip umbiguista et all. Se bem q é uma delícia a escrita de Adélia Prado. Aquela estória da dona-de-casa mineira q escreve poemas até quando está limpando peixe com o marido às três da madrugada. E ela não se incomoda de ser associada a novenas e receitas de pão de queijo. E tem uma caixinha de fósforos Paraná aqui na minha frente e prefiro acender um cigarro e largar minhas idéias tortas por aí a preparar um Bolo de Banana. BelaF - parafraseando Ronsard [Vivre sans volupté c'est vivre sous la terre]
Assunto: SONEGANDO POLÊMICA
Data: 22 de Outubro de 1999
Ó, LulitH, Como vai essa força?
Bom, seguinte. Esse Não tá paradinho, né? Pois é. Tu já deve saber que rolou uma polêmica de leve com o Furtado, por causa do que ele escreveu de mulherzices e tudo mais. CADÊ? Isso é sonegação de polêmica!
Hunf. Só vale quando é o Otto? Exijo direito de resposta (público, damnit) ao que ele disse.
Um beijo
ClarahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhHHHHHHHHHHHHHHHHHH
jazzie@innocent.com
Assunto: CARTA A UMA AMIGA
Data: 20 de Outubro de 1999
Bah, eu me presto. Li o NÃO AO VIVO sobre o NÃO QUALQUER COISA. E me pus a escrever. Só pra pegar no pé. Bah, eu me admiro comigo mesmo. E eu ainda me presto a essas coisas.
Carta a uma amiga, sobre uma menina / ou / Texto de menina feito por um menino / ou / Só pra pegar no pé do Furtado
Meninas têm essa capacidade, sabe? Que é inerente e latente. E, às vezes, os meninos olham para elas e, sabe-se lá o porquê, apaixonam-se. Têm uns que até as amam. Feromônios o caralho, minha amiga. Meninas movem-se de um jeito diferente. Apaixonante per si, strictu senso. Dói? Uns contam que sim. Para mim, não é dor. É melancolia, isso sim. Uma melancolia faceira de olhar a tal menina sorrir, andar, correr, beber, deixar esvoaçar os cabelos. Ou, apenas, olhar.
Mocinha, é provável que eu esteja sendo patético. Peripatético, com certeza, às voltas aqui em devaneios. Mas, quiçá, patético também. E que graça há em amar se não nos transformamos? A paralisia é dolorosa; pior: é chata. É um saco, um porre e uma merda. Aceito amá-la porque aceito o peso da existência de tão singelo ser neste planeta. Um anjo pérfido que, tomara, devorar-me-á.
Ah, que ela possui um nome maculável e um corpo mordível. Faço ranger minha mandíbula e mordisco meu punho supondo-o aquela carne branca, e finjo-me: cego por um arremesso de cabelos quase-vermelhos; perdido nos olhos quase-verdes; mudo naquela boca quase-língua.
K., querida K., queria poder perguntar-te como vais, mas minhas mãos são dela, e tocam neste texto como se fosse, profundamente, ela. Quisera eu, cavalo dos hormônios, rabiscar aqui outras palavras, mas são só estas que conheço. Diz-me, então, das tuas coisas, que das minhas, revelo-te que são, todas, apenas ela - a mulher que me alfabetizou sem querer, e que me impossibilita de escrever outras palavras, senão a ela.
Eduardo Nasi
dudu999@hotmail.com
Assunto: PSICODELISMO SEMPRE
Data: 20 de outubro de 1999
(trilha sonora de hoje: -I can't get no- satisfaction, pelo Otis Redding)
Em um dia como hoje, agradável e quente, tive, finalmente, vontade de comentar, de novo, algo sobre o NÃO. Não que minha opinião seja tão importante. Pra mim todas as opiniões são importantes. Mas concordo com o que o Furtado escreveu no NÃO ao vivo quando diz que as moças escrevedoras podiam fazer coisas melhores que metáforas para serem entendidas por duas ou três paixões antigas ou novas. Fica uma coisa individualista e não-universal. Coisinha chata.
E discordo dos leitores que reclamaram do visual psicodélico desse último NÃO. Se têm problemas de vistas vão procurar um oftalmologista. Ou então vão ler Rimbaud. Sei que é lugar comum. Mas Rimbaud ajuda a curar doenças psicológicas. Ou então usem um XT de tela verde. Não encham! Cores psicodélicas são demais!
E já que todos gostam de dar dicas, vou, imodestamente, dar as minhas. A Cadela Analógica da Bela é sensacionalmente uma página vagina dentata. Mastiga tudo pelo caminho. O endereço está na carta 180. E é claro, porque, eu, humildemente, ajudei a editar. E ela pode escrever melhor do que anda escrevendo. E como tem muita gente do COL escrevendo, eu quero dizer que tem o OGDEN ZINE, uns malucos de Salvador, que pra mim andam dando de dez no COL, o endereço pra se cadastrar com eles é www.atarde.c om.br/user/jubileu/OGDENzine.html. Ô gurizada do COL, vamos se ligar. Já foi melhor! E também tem A Folha Mutante, o zine caótico que o rapaz aqui edita em www.geocities.com/SoHo/8382/. Leiam! Nem que seja para odiar. Tenho que dar essas dicas pra não começar a achar que o NÃO é lido por uma panelinha excludente. Aí vou me irritar. E abraços pra todos vocês. Pra mim todos merecem. Sem essa de aqueles que não merecem. Isso é papo! Ps.: Ô editor, vê se publica dessa vez. Não xinguei ninguém pessoalmente e nem elogiei a Érrebêésse. Até porque ela quebrou. AhAhAh! Só valeu!
Marcelo Benvenutti
caos@cpovo.net
Assunto: SHOPPING ARRASA QUARTEIRÃO - SALVE O BAR DO JOÃO
Data: 15 de outubro de 1999
Confirmando os boatos, li, na contracapa da ZH, que vão mesmo demolir do Baltimore em diante pra construir um shopping/estacionamento, só não começaram a demolição porque uma pequena aldeia gaulesa - epa - o Bar do João - ainda resiste. Parece que o Júlio não quer saber de negócio. Acho que podíamos acionar nossas listas e fazer uma campanha de apoio pro Júlio, que está literalmente no meio do Shopping e sob muita pressão. Eu sou pelo João, os motoristas e patricias me desculpem ... [ ]s
mari * fiorelli
mari@kapa.procergs.com.br
Assunto: EXTRA-LARGE
Data: 13 de outubro de 1999
Em BG: 'Qualquer coisa q se sinta com tantos sentimentos deve ter algum q sirva'.
A Cássia Eller é mesmo deus e a edição 67 do Não tá 'Qualquer Coisa q se Sinta'. Seu Cardoso continua encarnando como ninguém a Virgínia Wolf dos Pampas e coincidência ou não, bem como Gerbase, Guspolidoro escreveu sobre suas mortes pra Cadela Analógica [minha meiga pagininha. Vale aqui um comercial: O canil fica na (www.geocities.com/SoH o/Village/9743/) Pois desejo-lhes paz e q sigam sentindo... Com tantos, deve ter algum q se encaixe. Uns beijos [nos q merecem], BelaF
parafraseando Ronsard [Vivre sans volupté c'est vivre sous la terre]
Pê Ésse: sugestões, beliscões e xingões para belafigueiredo@hotmail.c om
Assunto: COMENTÁRIOS
data: 13 de outubro de 1999
Quero me unir ao cidadão aí que reclamou das cores. Tem texto que não dá pra ler mesmo. Só se meu monitor for preto e branco, daí quem sabe. Sobre o texto do Jorge Furtado pro nao ao vivo: eu também não sei se é mais barato ligar pro Rio pelo 21 ou 51, mas não é isso que importa. O texto é sobre a voz da minina lá. Em matéria de propaganda de telefone ainda prefiro aquela da Telefonica, do negrão esticando a conversa.
Daniel Peccini
floyd@ee.pucrs.br
Assunto: WALKIE TALKIE
Data: 6 de outubro de 1999
Pelamordedeus! Não dá para ler o NÃO 67 sem ficar com as veias dos olhos congestionadas! As cores, utz!, aquelas cores estão o que há de pior! Melhor se fosse fundo branco, simples, fonte em preto, Times, só. Pô, cor é algo bonito, mas em Internet, para t-e-x-t-o, tem que haver certa coerência entre estética e praticidade. Desculpe o ranço, mas sou um cara sincero, pô! E tem muito texto que simplesmente não deu pra ler sem fazer cara feia: não pela qualidade do texto, evidentemente, mas pela cor usada na tela, a doer o fundo da alma! Por exemplo, cor-de-rosa fosforescente com fonte em amarelo. Blargh! Sugiro o simples em detrimento à psicodelia editorial.
Luís Augusto Popucchi, jornalista.
plasil_mg@hotmail.com
Assunto: O MUNDO DE 40, DE PORTO ALEGRE, E SEM IDENTIDADE
Data: 6 de outubro de 1999
Entao por a razao que deveria tar lendo uma materia obrigatorio para o colegio, ou escrevendo meu shot list para Quinta-feira, eu decidi a submetir para a minha vontade de "procastination". Eu escrevo esta palavra em ingles porque no meu minidicionario ingles-portugues nao se-encontra... procrastination. Entao, talvez nao existe "procrastination" em portugues, so as palavras que seria equivalente como Carnaval, praia, e o barzinho da esquina.
Entao, e engracado que com toda a cultura que esta por fora da minha janela, aqui na minha cidade do momento, eu vou procurando pelas as ruas da minha antiga adolescencia, e seguindo as ruas electronicas do presente para um Porto Alegre eletronico via o Internet. E que surpresa otimo de achar, nao os Brasileiro(a)s que eu encontro aqui na minha primeira (ou segunda terra, nao sei mas) que estao fazendo as perguntas erradas, mas alguns Brasileiro(a)s fazendo as perguntas certas. E acima de tudo, umas pessoas pensando um coisa que tem valor a pensar.
Ao respeito de quarenta anos. Com vinte-nove eu faco as mesmas perguntas. Eu que moro ao lado do Silicon Valley, no meio de uma cidade onde core pelas ruas a juventude de vinte-poucos que decidiram vender as suas almas para o mundo digital. Mais eu tambem estou viciada. Eu que vou voltar para um Brasil que nao conheco mas, para passar tres meses tentando achar a minha indentidade americana-brasileira. Eu nao posso imaginar passar uma duzia de semanas sem um computador. Entao eu compro mas uma. Can I have a Mc-Computer to go please? e so faltar passar pelo drive-thru. A diferencia de mim e os outros vinte-poucos daqui e que eles estou ficando milionarios. E eu nunca fui uma boa capitalista.
Nao tem nada de bom sobre qualquer idade, porque em cada ano existe uma nova neuroses humano, uma nova medida de querer mais ou para nao estar feliz com a mao de cartoes que ganhou na jogada. Entao pelo menos com quarenta voce sabe jogar os cartoes fora com mais facilidade, ou se decidir ficar com os mesmos cartoes, sabe como botar-los na mesa e encara o resultado. E talvez e isso que acho que quero saber fazer com quarenta. Porque em minha opinao eu acho que nao existe nem uma diferencia. Tudo que foi escrito sobre quarenta vale por vinte-nove.
Que bom achar um web-zine da cidade que era pra ser a minha. Que talvez vai ser a minha de novo. E tambem tem o mundo de cinema e televisao que me interessa muito. Que comecei a pensar que estava morto no Brasil. Que na minha ultima visita bem rapidinha ano passado, eu quis assistir filmes Brasileiros e so achava aquele filme com Nicholas Cage e Meg Ryan. The angel film, whatever. Se abrir os olhos sempre tem a possibilidade de ver algo de novo. Com quinze, vinte-nove, ou quarenta, seja a idade que for ... the shades of life can be colored any color, if you choose to live with a creative mind. Nao tem jeito de dizer isto em portugues, porque falta muito pra me poder me espressar bem, em essa idioma complicada e bonita comparando com ingles. Nao e sim pra mim.
katlen
katlen@sfsu.edu
Assunto: Ê-BÁ! FRANK IS B(L)ACK!
Data: 6 de outubro de1999
Ôrra, Luli... Arrasou. Muito bom o NÃO 67, tá quase um Bêstóf do NÃO. O Frank voltou! Uhu! Como fez falta, esse rapaz, viu? O Giba, o Torero, as meninas todas, os meninos todos, tudo muito bom, uhu! Fera. Agora me respondam uma coisa: o que vocês têm contra o meu h? Por que todos ignoram meu h? Por que todos escrevem Clara? Clarah soa tão mal assim? E se eu mudá-lo de lugar, algo como Chlara? Por quê? Hein? POR QUÊ? Tudo bem, eu supero. Parabéns, Loolit.
Clara(h)
jazzie@innocent.com
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