PALAVRINHAS DE GUERRA (atualizadas)
por Roberto Tietzmann
Algum tempo depois de 11/09/2001 publiquei um ensaio etimológico de algumas palavras que vinham aparecendo muito no www.argumento.net. Com o pau comendo pelo mundo afora, é hora de atualizar a lista.
George Walker Bush - Em língua culta padrão bush é "moita, arbusto". Em inglês arcaico, um ramo de planta colocado na porta de uma taverna para sinalizar que ali havia vinho. "Walker" é aquele que caminha, um andarilho. Logo, se traduzido livremente o presidente se chamaria "Jorge Moita Ambulante".
Árabe - Há controvérsias, mas provavelmente vem de "arabah", uma palavra do antigo testamento em hebraico querendo designar um deserto, o vale do Mar Morto.
Cruise - Os mísseis têm um nome bem mais ameno que seus efeitos. Querem dizer "cruzeiro", com os sentidos tanto de "passear", "percorrer distâncias com estabilidade" e "caçar parceiros sexuais a esmo".
Mudança de Regime - Vem do latim "regere", governar. Sinônimo de "mudança de governo", apenas com viés pejorativo.
B-52 - Além da banda dos anos 80, um bombardeiro que está em serviço desde 1955 para a força aérea norteamericana. Os primeiros protótipos datam de 1951. Lançaram um terço das bombas na guerra do Afeganistão. É a Kombi dos bombardeiros, eficiente e seguro. Especulam que seu uso se estenderá por mais algumas décadas. Hoje demoram 6 horas da Inglaterra até o Iraque.
Fundamentalismo - Não. Na origem da palavra não tem nenhum turbante. Originalmente designava um movimento militante evangélico do século XIX e XX operante nos Estados Unidos. Opostos aos seculares (mais tolerantes), pregavam que as escrituras NUNCA estavam erradas e a Bíblia representava a verdade absoluta isenta de releituras. Não o alcorão, veja você.
New York - Peraí. Se há uma "Nova Iorque", tem também uma "Velha Iorque"? Na verdade não. "York" era uma linha da nobreza inglesa que esteve no trono de 1461 a 1485. Depois o nome migrou para várias cidades em todas as colônias do império. O nome da cidade foi sua primeira jogada de marketing. Pois começou sua história como uma colônia holandesa chamada de "Nova Amsterdam", ganhando o nome atual depois da conquista da colônia pelos ingleses em 1664.
Manhattan - A ilha é um dos cinco grandes distritos de Nova Iorque, e ganhou seu nome a partir dos índios que a habitavam. Os nativos venderam a ilha em 1626 para os holandeses por U$24 e foram exterminados. Pra você ver que safadeza não vem de hoje.
World Trade Center - Centro do Comércio Mundial. Katia Zero afirma em seus livros (escritos antes da coisa toda) que muitos novaiorquinos achavam os prédios arquitetonicamente monótonos, mais aptos a serem os caixotes onde o Empire State e o Chrysler vieram "embalados" que símbolos da cidade. Confira em "Manhattan" do Woody Allen: o WTC pouco aparece. Mas tudo mudou.
Boeing - Vem de William Edward Boeing, fundador da empresa de aviões. E você achou que ninguém tinha uma onomatopéia como sobrenome? Iniciou seus trabalhos na segunda década do século XX.
Kitty Hawk - Um dos porta-aviões que foi deslocado para perto do Afeganistão. O nome, que parece delicado para uma máquina de guerra, é na verdade a cidade onde os irmãos Wright fizeram seus primeiros vôos.
Tomahawk - Tacape. É a machadinha que os índios americanos usavam para cortar o escalpo dos seus inimigos. Aparece até nos desenhos do Pica Pau.
Anthrax - Em bom português, "Carbúnculo". Enquanto a versão americana parece nome de remédio, a nacional dá arrepios só de ler. Diga "carbúnculo" três vezes em noite de tempestade e veja se você consegue dormir depois!
Roberto Tietzmann
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